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Quarta, 21 Outubro 2015 16:48

“Caça ao dólar” em Angola

Angola precisa de dólares e outras divisas para pagar importações e para constituir reservas de moeda estrangeira que sustenham o valor do kwanza. A queda do preço do petróleo, principal produto vendido ao exterior, levou a uma quebra na entrada de divisas. O banco central (BNA) aplicou restrições ao uso da divisa norte-americana, mas a sua falta continua a fazer-se sentir. Entre as medidas para captar dólares está agora uma “caça ao dólar” dentro do país.

As autoridades pretendem agora arrecadar 2 mil milhões de dólares vendendo aos angolanos obrigações denominadas em moeda estrangeira. Para a Angola News Network, trata-se de “um sinal claro de que o governo está a ficar preocupado com a escassez de moeda conversível”.

“Realizar um leilão de títulos domésticos em moeda estrangeira mostra tanto a fraqueza do kwanza e a escassez de dólares e euros de que a economia angolana necessita para funcionar”, refere o mesmo artigo.

Segundo o Africa Monitor Intelligence, a intervenção directa do BNA no mercado cambial gerou desagrados em meios bancários e empresariais afectados pelos problemas de escassez de divisas. A atitude geral é de reserva ou mesmo desconfiança em relação à acção do BNA.

A Ministra do Comércio angolana, Rosa Pacavira, anunciou recentemente que Angola pretende assinar com a China um acordo que permita que as respectivas moedas nacionais, o kwanza e o renminbi, passem a ser aceites em ambos os países. Mais tarde, viria a distanciar-se das declarações, mas tudo indica que a política continua em cima da mesa.

No seu mais recente relatório sobre a economia angolana, o banco BPI afirma que, para a China, um acordo cambial assegurava as compras de petróleo a Angola e solidificava o seu papel como fornecedor das importações angolanas.

“Para Angola, este acordo poderia, por um lado, permitir colmatar em parte a falta de dólares na economia Angolana, que são necessárias para pagar as importações, mas em termos de fluxos cambiais seria potencialmente de efeito nulo”, referem os analistas do BPI.

As autoridades chinesas têm vindo a promover o uso do renminbi enquanto divisa estrangeira de referência no comércio e investimento. Na semana passada, lançaram um sistema de pagamentos internacional na sua moeda nacional, que já é a quarta divisa mais usada a nível internacional.

As desvalorizações do kwanza em Junho e Setembro levaram um declínio de mais de 30 por cento no valor do kwanza face ao dólar norte-americano este ano. As reservas em moeda estrangeira do banco central caíram para cerca de cinco meses de compras de importação.

AM

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