O Tribunal Provincial de Luanda declarou-se hoje incompetente para continuar o julgamento, iniciado há uma semana, do rapto e homicídio de dois opositores do regime angolano, ocorrido em maio de 2012.
O ex-delegado do SINSE, em Luanda, António Manuel Gamboa Vieira Lopes, angolano, casado, de 47 anos de idade, natural de Kilenda, província do Kwanza Sul, também conhecido por “Tó”, para os mais chegados, incluindo os altos dignitários do regime, mesmo na foi uma decisão de José Eduardo dos Santos na sua qualidade de Comandante em Chefe das Forças Armadas que, tal como as que tem tomado na qualidade de Presidente da República, revelam que no nosso país o crime compensa. Basta ser criminoso ligado ao regime.
O julgamento dos supostos executores de dois alegados activistas políticos está a revelar-se muito mais do que isso: vieram à tona os meandros da realização de manifestações de contestação ao Governo angolano, com detalhes de uma alegada conspiração envolvendo elementos afectos à CIA, agência de espionagem dos Estados Unidos da América, como garante de suporte financeiro aos ditos “jovens revolucionários”. Mais do que isso, uma das vítimas seria, afinal, agente da segurança de Estado, actuando, na verdade, em ambos os lados.
Oito jovens activistas cívicos foram presos hoje pela polícia nacional quando tentavam manifestar-se contra a programação que consideram parcial da Televisão Publica de Angola (TPA). Três dos manifestantes conseguiram escapar enquanto os restantes cincos foram levados para lugar incerto.
“Se quem tem poder nega a tua liberdade, então o único caminho para a liberdade é o poder.” (Nelson Mandela)
Um dos acusados foi promovido a general e o advogado de defesa quer agora explicações da Presidência da República.
O escritor angolano Lopito Feijóo diz que não há interferência política na atividade literária ou que ponha em causa a liberdade dos autores. Há leis no país que garantem isso. "O problema é a sua aplicação."