Em declarações à agência Lusa, em Lisboa, onde apresentou o livro "Faça Negócios Em Angola - O Guia Essencial para Investir e Fazer Negócios Nesta Economia em Rápido Desenvolvimento", Ricardina Pederneira reconheceu também que, em termos de negócios, "ainda há muito por fazer e ao longo de muitos anos".
Ainda assim, a jurista defende que Angola "continua a ser um mercado muito atractivo para o investimento", sublinhando que "este é o momento".
Residente em Londres, especializada em Direito Comercial e Empresarial e com formação académica em Inglaterra e no País de Gales, a advogada angolana aponta a burocracia como um dos constrangimentos nacionais, mas assinala que "a nova lei de investimento privado vem ajudar a eliminar" alguns obstáculos.
Para Ricardina Pederneira, outro dos constrangimentos é o quadro jurídico, com "leis muito antigas, do tempo de Portugal". Ao mesmo tempo, a especialista considera que "o próprio comportamento da cultura de negócios em Angola precisa de ser ajustado".
Questionada pela Lusa sobre se a afirmação será uma forma diplomática de falar de corrupção, a autora do guia adiantou que existem "mecanismos" que Angola "precisa de pôr em prática".
Nomeadamente: "Pôr as contas em dia, divulgá-las e fazer uma filtragem muito séria de quem participa nos concursos públicos, nas instituições e noutros mecanismos".
Os múltiplos desafios são, no entender da advogada, "ultrapassáveis, mesmo com todas as dificuldades, desde que sigam o modelo" apresentados no guia.
As regras para uma correcta entrada no mercado nacional
"Temos mais (constrangimentos além da burocracia e da corrupção). Temos o próprio comportamento das pessoas, as leis, os mecanismos que usamos para poder fazer a inclusão de outras entidades nos concursos públicos e outros", concluiu a advogada, que, em 2011, criou em Londres, a Ricardina Bridges Solicitors (BBS), sociedade que presta serviços e promove investimento.
O guia, de 191 páginas e publicado pela editora britânica Rethink Press, já foi apresentado em Londres e em Luanda e visa permitir aos potenciais investidores obter informação "correcta" sobre os negócios em Angola, para que haja "disciplina" e "rigor" na economia angolana.
No livro, Ricardina Pederneira indica cinco passos para uma "correcta entrada" no mercado económico angolano, utilizando um modelo a que chama de "SMART", em que cada letra da palavra corresponde a cada etapa do processo.
"Sinta o país", "Meu Negócio", "Associe-se a um parceiro local", "Respeite a língua" e "Tente o Mercado" são os cinco passos defendidos pela advogada angolana, que salienta também ser necessário "ultrapassar a publicidade negativa" que reina em relação à economia angolana.
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