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Quarta, 16 Março 2016 20:45

Pediatria sem capacidade para atender mais de 500 crianças por dia

A diretora clínica do Hospital Pediátrico de Luanda David Bernardino classificou hoje como preocupante a situação naquela unidade sanitária, que está a observar uma média diária de mais de 500 crianças e mais de 100 internamentos.

Elsa Gomes, que falava à imprensa, disse que nos últimos dias aumentou a afluência de pacientes àquela unidade hospitalar, devido a várias doenças, maioritariamente malária, acompanhada de anemia severa, que está a causar uma média por dia de 15 óbitos.

"Não sabemos bem o que é que se passa na rede periférica, nós em média observamos uma média de 500 e tal crianças por dia e estamos a internar mais de 100. O que nos dizem é que já foram a vários hospitais e que não encontraram médicos e por isso vêm a esta instituição, não sei qual é a veracidade da situação, mas a verdade é que nós temos uma quantidade muito grande de pacientes", disse Elsa Gomes.

Segundo a responsável, o hospital tem também um número exíguo de enfermeiros para atender à procura.

"Nós temos um número muito limitado de enfermeiros, isso é de conhecimento de toda a gente que já há uns anos que não há concurso público, saíram principalmente enfermeiros por transferência, porque chegou a altura das pessoas pedirem aposentadoria e nós temos um número muito exíguo de enfermeiros e daí a grande dificuldade que nós temos em atender todos os doentes que nos chegam", salientou a médica.

O hospital tem 347 camas, 35 das quais no banco de urgência.

Elsa Gomes sublinhou que para a alteração do atual quadro, só uma melhoria na rede do saneamento básico poderá fazer mudar as estatísticas daquela unidade sanitária.

Também em declarações à imprensa, o presidente da Associação de pediatria de Angola, César Freitas, admitiu que são "elevadíssimos" os números de crianças doentes e de óbitos em todo o país.

"É uma situação que é difícil de gerir neste momento, temos muitas crianças, muitos óbitos, na realidade estas situações são previsíveis. Todos os anos, no princípio do ano, já sabemos que isso vai acontecer, porque é cíclico, é preciso que as autoridades possam ver, que os profissionais possam sentar, para ver e analisar o que se está a passar, porque mesmo nos anos anteriores é um período de muitos óbitos, mas este ano é demais", disse o médico.

O Ministério da Saúde reconheceu que a situação é preocupante e está a tomar medidas para alterar o quadro, tendo já cedido ao hospital pelo menos mais 30 camas, material descartável e medicamentos.

Abel Chivukuvuku defende admissão de mais pessoal na Saúde

O presidente da CASA-CE, Abel Epalanga Chivukuvuku, advogou hoje ( quarta-feira), no Hospital Municipal de Viana (Capalanga), em Luanda, a necessidade de reavaliação da política de admissão de pessoal no sector da Saúde, para e enquadramento de novos médicos, enfermeiros e técnicos.

O político,  que falava à imprensa depois de uma visita ao hospital, afirmou que “sentiu um esforço” do corpo médico em procurar prestar melhor serviço à população, mas que “pessoalmente constatou que é preciso reavaliar-se a política de admissão de pessoal no sector da saúde”.

Para Abel Chivukuvuku, há necessidade de se realizar concursos públicos para a admissão de novos médicos, enfermeiros e técnicos, “para podermos apetrechar os nossos hospitais”.

Considerou que o hospital está muito apertado (abarrotado de pacientes) e que o corpo médico sobrecarregado.

Mostrou-se preocupado com o facto de as endemias como a malária e a febre amarela estarem a afectar sobretudo crianças, o que pode condicionar o crescimento populacional.

“ Não há futuro para um país se este não cuidar das suas crianças e é preciso protegê-las, o que significa saúde pública, alimentação, serviço de saúde adequados, para que possam crescer saudáveis e absorver conhecimentos”, sublinhou.

Na sua óptica, o que se passa actualmente em Luanda é um problema de saúde pública relacionado com o saneamento básico, com a crise de recolha de lixo, o que traz consequências para o serviço de saúde.

“ Se melhorarmos o nosso serviço de saúde pública e saneamento básico, se pudermos ter todos um modelo de estruturação da recolha de lixo, acabarmos com as águas estagnadas, vamos ajudar o nosso sistema de saúde e o número de pacientes vai diminuir”, observou.

Advogou, igualmente, que o cidadão trabalhe e colabore com as estruturas públicas, pois, afirmou, “se continuarmos com o nível em que estamos de desestruturação do saneamento básico e sobretudo muito lixo, não vamos conseguir estagnar as epidemias”, disse.

Relativamente à contribuição da CASA-CE para a melhoria do sistema de saúde, Abel Chivukuvuku adiantou que o seu papel, como cidadão, é produzir pensamentos, ideias, colaborar com as estruturas governativas para juntos encontrarem soluções.

“ O papel da CASA-CE não é trazer dinheiro, a contribuição de uma organização política são as ideias, projectos e sugestões”, afirmou.

Para o líder político, nesse momento que se diz de crise, devem ser duas as prioridades essenciais do Estado: primeiro assegurar o normal funcionamento das instituições públicas, o que pressupõe não haver mais atrasos salariais, e o respeito pela pessoa humana, através do fornecimento de água e energia, garantia de alimentação, educação e saúde.

© Lusa | Angop

 

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