"É uma vasta brincadeira, são pessoas que não fazem o trabalho de casa. Mas em todo o caso é mais uma manipulação para os media do que um caso judicial", afirmou Sindika Dokolo, em entrevista exclusiva à Lusa, em Luanda.
A Lusa noticiou a 03 de fevereiro que o jornalista e ativista angolano Rafael Marques formalizou uma queixa contra o governador da província do Cuanza Sul por ter alegadamente beneficiado Sindika Dokolo, casado com Isabel dos Santos, filha de José Eduardo dos Santos, num eventual processo ilegal de concessão de terras.
"Essas pessoas, que dizem que são jornalistas, eu acho que realmente são é políticos. O que não é um mal, mas pelo menos deviam aceitar debater na arena política e pública com os verdadeiros rostos políticos que são, com agendas mas sem partido", afirmou Sindika.
A "participação por esbulho de terras", a que a Lusa teve acesso a partir de Lisboa, indica factos que são eventualmente indiciadores da prática de burla, solicitando, deste modo, uma ação legal para a invalidação da concessão de terras à empresa Soklinker, Parceiros Comerciais, Lda, detida maioritariamente pelo genro do chefe de Estado angolano.
O documento da participação apresentado por Rafael Marques recorda que no dia 26 de janeiro de 2015, o general Eusébio de Brito Teixeira, governador da província do Cuanza Sul, anunciou que tinha elaborado e assinado um despacho de concessão de direito de superfície à empresa Soklinker, com sede social na capital angolana.
Segundo a participação entregue na Procuradoria-Geral da República em Luanda, trata-se de uma parcela de terreno rural na comuna de Cangula, município do Sumbe (Cuanza Sul) com uma área de 7.632 hectares (mais de 76 quilómetros quadrados) para construção.
"Fisicamente pode ir visitar esse terreno. Se o encontrar faz favor diga-me, que eu estou interessado", ironizou Sindika Dokolo que, embora sem entrar em detalhes, deu a entender que a área em causa será antes de 7,6 hectares.
"Como qualquer cidadão tenho direitos e tenho obrigações. Se de facto cometi um crime mereço ser julgado, se eles me acusarem de maneira difamatória, só para sujar a minha imagem e atrás de mim outras pessoas, vão ter também de viver o rigor da lei. Acho que é um direito meu", rematou Dokolo, empresário, com nacionalidade da República Democrática do Congo.
"Por ser genro do Presidente da República, Sindika Dokolo tornou-se uma pessoa com relevância política, nos termos das normas e recomendações internacionais", sublinha a "participação por esbulho de terras", de Rafael Marques.
Lusa