Pedro Miguel, secretário-geral do S.JA, garantiu apoio jurídico aos jornalistas arrolados neste processo, como arguidos e declarantes, dando nota que o jornalista Amor Carlos Tomé, já detido, conta com apoio juridico do sindicato.
"Apenas reforçar que todo o jornalista que precisar de apoio jurídico nós, no âmbito do acordo assinado com a PRO-BONO Angola, vamos oferecer assistência juridica tal como ocorre, neste momento, ao Amor Carlos Tomé", afirmou hoje Pedro Miguel, em entrevista à Lusa.
Vários profissionais da imprensa constam da lista de declarantes do processo que envolve dois cidadãos russos, Igor Rotchin Mihailovich, de 38 anos, e Lev Matveevich Lakshtanov, de 64 anos, e os angolanos Amor Carlos Tomé, jornalista, de 38 anos, e Oliveira Francisco, dirigente politico da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), maior partido da oposição angolana.
Os suspeitos, detidos em 07 de agosto passado em Luanda, estão indiciados dos crimes de espionagem, organização terrorista e financiamento ao terrorismo, de instigação pública ao crime, de terrorismo, de corrupção ativa de funcionário e de introdução ilicita de moeda estrangeira no país, segundo a acusação do Ministério Público (MP).
Segundo Pedro Miguel, alguns jornalistas, arrolados como declarantes, foram já chamados pela Procuradoria-Geral da República, realçando que o SJA está em alerta para disponibilizar advogados aos profissionais da classe quando necessário.
O responsável manifestou-se igualmente "preocupado com o envolvimento de jornalistas neste caso, questionando as acusações de financiamento ao terrorismo, imputadas a Amor Carlos Tomé.
"[Carlos Tomé] días antes solicitava apoio financeiro para resolver uma determinada situação, como é que de um momento ao outro aparece como um financiador de terrorismo? São essas interrogações que se colocam", notou.
No entanto, prosseguiu, o sindicato está "pacientemente a olhar para o processo", através de advogados, de quem esperam "alguma informação para a defesa dos colegas que estão implicados diretamente e indiretamente no caso do Carlos Tomé e os declarantes".
Miguel questionou ainda onde os jornalistas terão encontrado dinheiro para financiar o terrorismo, citando a acusação do MP, quando estes auferem "salários precários": "Muitos vivem em casas arrendadas, então onde terão ido buscar dinheiro para financiar o terrorismo? Então, vamos deixar que a justiça trabalhe e estamos a acompanhar", disse.
Os arguidos Lev Lakshtanov, Amor Carlos Tomé e Oliveira Francisco são dados como membros assalariados de uma organização, cuja atividade inclui redes secretas e meios de propaganda profissionalizados, frentes de lobbying comercial, "que executam campanhas agressivas de informação e guerra cibernética, incluindo clonagem em grande escala de sites, espionagem cibernética", descreve o MP.
Segundo a acusação, consultada pela Lusa, os arguidos teriam contactado e oferecido valores monetários aos jornalistas para publicarem e promoverem em sites e redes sociais conteúdos ligados à promoção da insatisfação social e contra o Presidente angolano, João Lourenço.

