"Eu procedi à entrega atendendo a um pedido de colaboração da PGR, na condição de mandatário. Significa dizer que os bens que estava a entregar não eram meus", desabafou
Apesar de considerar que colaboração acabou por levá-lo a estar na condição de arguido neste processo e de correr o risco de ser processado pelos chineses donos da CIF, afirmou que se fosse contactado novamente para colaborar com a PGR o faria, mas tomaria algum cuidado como ler o termo de entrega antes de o assinar.
No momento em que procedeu à entrega dos bens ao Serviço Nacional da Recuperação de Activo (SENRA), o general fez-se acompanhar de um termo de entrega, elaborado em colaboração com o seu advogado, Amaral Gourel, que faz referência de que o Estado podia litigar com quem no futuro viesse a reivindicar a titularidade dos mesmos. Porém, este documento, datado de 13 de outubro de 2020, foi considerado invalido, apesar de reunir todos os procedimentos legais, como o reconhecimento em cartório notarial.
Depois, o general foi convocado a comparecer novamente à PGR de noite, sem a presença do seu advogado, e foi-lhe dado a assinar um novo termo de entrega, com a mesma data, e foi advertido que devia trabalhar sozinho, pelo que não podia envolver o seu advogado até se concluir o processo.
Nesta declaração, que o general alega ter assinado sem ler, faz-se referência de que procedeu à entrega voluntária dos bens ao Estado. Mais precisamente, que entregou às centralidades do Zango Zero e KK5800 ao Instituto Nacional de Habitação e os edifícios CIF One e CIF Two ao Ministério das Finanças. Já as fábricas de Cimento "CIF Cement", Centro de Logística (CIF Logística), a fábrica de cerveja CIF Lowenda e a fábrica de montagem de automóveis "CIF CSG Automóveis", segundo o termo, foram entregues ao Ministério da Indústria e Comércio. O documento, lido pelo seu advogado, Amaral Gourgel, aquando do interrogatório do general ao tribunal, consta ainda que "a entrega dos bens compreende também as máquinas e todos os bens que asseguram o seu normal funcionamento".
Apesar de o general não se ter feito acompanhar do seu advogado no acto da assinatura do novo documento, conforme se revelou em tribunal, a declaração faz referência de que beneficiou de assistência jurídica. OPAIS