Serviço de Investigação Criminal (SIC) desmantelou uma rede criminosa, e deteve um cidadão de nacionalidade chinesa, identificado por Wanga, de 33 anos de idade, engenheiro electrónico, que gerenciava um esquema de fraude de chamadas telefónicas internacionais, que invadia os sistemas operacionais de operadoras móveis como UNITEL e AFRICELL.
De acordo com o Porta-voz do SIC-Geral, Superintendente chefe, Manuel Halaiwa, os operativos tomaram conhecimento mediante uma denúncia feita pela própria UNITEL.
“Foram despoletadas acções de inteligência criminal, que culminaram com a detenção do referido cidadão estrangeiro, tendo sido flagrado, no interior da residência onde funcionava o esquema, com mais de dois milhões de chips, que eram introduzidos numa Sim Box, que desviava as chamadas internacionais, e obtinham lucros que variavam entre 300 a 400 mil dólares por mês”, informou.
Manuel Halaiwa, disse que o cidadão detido era o gerente da quadrilha, e tudo está a ser feito para desmantelamento total do grupo. Na mesma operação, foram detidos sete cidadãos angolanos, entre os quais duas do sexo feminino, que eram funcionárias.
Foram apreendidos computadores, Sim Box e outros aparelhos electrónicos que serviam como meio de trabalho.
Rui Horta, gestor sénior de Fraude e Segurança da empresa de telecomunicações UNITEL, explicou como o sistema fraudulento era arquitectado, e como prejudicou as empresas operadoras móveis.
“Ao longo desses últimos dois anos, a UNITEL tem constatado o aparecimento de uma fraude que normalmente se designa por Sim Box, não é um fenómeno exclusivo da UNITEL, afecta também as restantes operadoras móveis nacionais. A UNITEL desde essa altura tem vindo a combater diariamente este fenómeno”, explicou.
Em média, disse, tem vindo a suspender cerca de mil cartões por dia, “cartões que estão envolvidos neste tipo de fraude”.
O responsável da UNITEL esclareceu também que o esquema funcionava em ligações internacionais, ou seja, os criminosos, a partir do Sim Box, introduziam os chips de desviar as chamadas vindas do exterior do país, e isto fazia com que as operadoras legais não cobrassem estes serviços.
“Sempre que alguém fora faz uma chamada para Angola, com destino a um cliente angolano, independentemente do operador móvel que esse cliente tiver ligado, essa chamada tem que ser transportada pelos circuitos internacionais que existem para o efeito, portanto, os operadores têm acordos de interligação que permitem que todo e qualquer operador que existe no mundo, possam comunicar livremente entre si. Esta capacidade de comunicação é assegurada através dos chamados carriers”.
“Os carriers são entidades que transportam este tipo de tráfego internacional, com destino a um determinado país, que é cobrado no destino”.
A operadora que recebe a chamada cobra um valor por minuto, no entanto, a fraude consistia no desvio desse tráfego dos circuitos internacionais legítimos para internet.
“Essas chamadas ao serem desviadas, elas conseguem entrar em território angolano através da internet, contornando assim aquilo que são os circuitos internacionais dedicados para o efeito e, naturalmente, também contornando assim o pagamento que teriam que fazer aos operadores por cada minuto de conversação que é efetuado”.
Explicou que o mercado de interligação não é regulada, sendo assim, qualquer entidade pode determinar o preço, e isso atrai os operadores internacionais que aceitam a oferta, e pagam mais barato, “é esse o esquema que o cidadão chinês realizava em Angola”. NM