A construção da marginal da Corimba, a sul de Luanda, foi um dos primeiros sinais de que a vida empresarial de Isabel dos Santos iria mudar com a chegada de João Lourenço à presidência da República. Passados oito anos, a obra que chegou a ser entregue à empresária foi agora ganha pela Mota-Engil.
De acordo com a fonte, o projeto ocupa uma área litoral de 10 quilómetros e contempla a construção da referida marginal, 2.000 habitações sociais, quatro nós rodoviários e reabilitação de algumas vias urbanas de acesso assim como a construção do corredor de Cambanda.
O contrato fechado entre o Estado angolano e a Mota-Engil tem uma duração de 36 meses e um valor inicial de cerca de 670 milhões de dólares (615 milhões de euros).
A idealização desta marginal já vem da década passada. Em 2016 a empreitada foi adjudicada à Urbeinveste, uma empresa de Isabel dos Santos, através de um despacho do então presidente José Eduardo dos Santos. Três anos depois, mais concretamente a 15 de maio de 2019, João Lourenço anulou o contrato relativo à marginal da Corimba, justificando a decisão pela “sobrefaturação nos valores” com “serviços onerosos para o Estado”.
O projeto estava à data avaliado em 1,3 mil milhões de dólares (1,2 mil milhões de euros). Para arrancar com a obra que agora foi entregue à Mota-Engil, o governo angolano contraiu em novembro do ano passado a um empréstimo de 760 milhões de dólares (697 milhões de euros) a uma entidade financeira não especificada.
No despacho presidencial onde se dá conta desta opção, João Lourenço autoriza ainda a fazer o ajuste direto das obras da marginal de Corimba.
A construtora celebrou também um contrato para a empreitada de reabilitação das infraestruturas gerais da urbanização Nova Vida, no município do Kilamba Kiaxi, em Luanda. Neste caso, a duração do contrato é de dois anos e o valor inicial ronda os 228 milhões de dólares (209 milhões de euros).
Ainda em Angola, a Mota-Engil vai construir o posto fronteiriço do Luvo, na fronteira com a República Democrática do Congo. Trata-se de uma obra com duração prevista de 20 meses e um valor de cerca de 57 milhões de dólares (52,3 milhões de euros).
Refira-se que o Estado chinês (CCCC) detém 32,41% do capital da Mota-Engil, a família Mota tem 40%. O fundo Mutima Capital Management tem 2,4% da construtora portuguesa.