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Quinta, 26 Outubro 2023 16:25

Angola é um dos seis países africanos com casos confirmados de dracunculose

Angola é um dos cincos países africanos que registam um surto da doença da Verme da Guiné (dracunculose) cujo epicentro é o município de Namacunde, província do Cunene, com 32 casos confirmados desde 2018, anunciou a Organização Mundial de Saúde.

A informação foi avançada hoje, na província do Cunene, pelo represente da Organização Mundial da Saúde (OMS) em Angola, Humphrey Karamagi, dando conta que o Chade, Etiópia, Sudão do Sul, República Centro Africana e Camarões também registam a doença.

Falando durante um encontro de trabalho com o vice-governador do Cunene para as Infraestruturas e Serviços Técnicos, o responsável da OMS sinalizou que o foco da dracunculose em Angola é a província do Cunene, no sul do país, garantindo ações para erradicar a doença.

“Para a dracunculose o foco em Angola é mesmo aqui no Cunene e vamos trabalhar em conjunto até erradicar esta doença para que Angola fique livre dessa doença”, disse o representante da OMS.

Segundo a OMS, a província angolana do Cunene, bastante assolada pela seca e escassez de água, tornou-se o núcleo central do Verme da Guiné, estabelecido como endémico desde julho de 2020, com casos registados de infeções humanas nos anos de 2018, 2019 e 2020.

Além disso, observa a Organização Mundial de Saúde, Angola regista infeção pelo Verme da Guiné em cães desde 2019.

Mavitidi Sebastião, Oficial Nacional do Programa do Verme da Guiné da OMS em Angola, deu conta que, desde 2018 até à presente data, o país registou a ocorrência de 32 casos (maioritariamente em animais) e 53 casos suspeitos que aguardam confirmação laboratorial.

A OMS refere que está a apoiar o Governo angolano com vigilância de base comunitária, contenção de casos, controlo de vetores, através do tratamento de água com larvicida, amarração proativa de animais domésticos e outros.

De acordo com a OMS, apesar destas medidas, registou-se um “aumento imprevisto” de casos da Verme da Guiné na província do Cunene desde o início de 2023.

Para responder à situação, uma delegação da OMS, chefiada por Humphrey Karamagi, está no Cunene para trabalhar com as autoridades locais e parceiros na redefinição de ações visando examinar, avaliar e conceber uma estratégia de combate à doença.

A delegação desenvolve várias atividades e encontros no município do Cuanhama e na sexta-feira desloca-se ao município do Namacunde para o contacto com as comunidades afetadas pela Verme da Guiné.

A dracunculose é uma doença parasitária causada pelo 'dracúnculo medinensis', um verme longo de cor branca como um fio que chega a medir um a dois metros de comprimento.

A doença é transmitida pela ingestão de água (lagos, charcos, poços abertos) contaminada pela água infetada com a larva do parasita.

Ministério da Saúde angolano reconhece que dracunculose decorre da escassez de água

A falta de acesso à água potável na província angolana do Cunene constitui o principal fator do registo de casos de dracunculose (Verme da Guiné) na região, disse hoje fonte oficial.

“O grande problema da dracunculose é a falta de acesso à água potável na região do Namacunde e no Cunene em geral”, afirmou hoje a coordenadora do Programa de Doenças Tropicais Negligenciadas, do Ministério da Saúde de Angola, Cecília de Almeida.

Segundo a responsável, que falava hoje na sede do Governo da Província do Cunene, sul de Angola, durante um encontro de trabalho com o vice-governador da província, populares em Namacunde continuam a consumir água de chimpacas (pequenos reservatórios de água).

“Então, o consumo de água das chimpacas que têm o verme ou parasita faz com que as pessoas sejam contaminadas pelo Verme da Guiné, porque é necessário beber mesmo dessa água e é essa água que a população de Namacunde e Cunene em geral tem consumido”, disse.

Dirigindo-se ao vice-governador do Cunene para o setor das Infraestruturas e Serviços Técnicos, António Gilberto Matias, que representou a governadora da província, a médica Cecília de Almeida alertou que apenas o consumo de água potável pode travar a propagação do Vírus da Guiné (dracunculose) naquela região angolana.

Sem água potável, sustentou, “não vamos poder erradicar e nem sequer certificar o país como livre da doença. Por este motivo temos aqui uma equipa local da OMS [Organização Mundial de Saúde] a apoiar as ações”.

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