Para Eliseu Gaspar, em declarações à agência Lusa, o subsídio do Governo aos combustíveis consumia grandes recursos da economia do país, lembrando que há bastante tempo que já advogavam a retirada da subvenção.
“Agora vamos ver a eficácia disso nos preços, mas é uma boa medida”, considerou, referindo que devia ter havido um período de preparação das pessoas, pois “foi muito de repente”.
O Governo anunciou quinta-feira o aumento a partir de hoje dos preços da gasolina, o único derivado de petróleo que sofreu alteração, passando dos 160 kwanzas (0,25 euros) para 300 kwanzas (0,48 euros) por litro.
Segundo Eliseu Gaspar, o valor do aumento “é justo porque até o preço ainda fica aquém do valor real”.
“Continuamos a ter o valor mais baixo. Em Portugal o preço é um euro e tal, que anda a volta de 600 kwanzas e nós estamos a 300 kwanzas, quase metade do preço real do combustível”, frisou.
O responsável saudou igualmente a manutenção dos subsídios aos transportes públicos e não alteração do preço do gasóleo, geralmente utilizado por camiões, autocarros e máquinas de grande porte, acautelando uma subida de preços em bens essenciais.
Eliseu Gaspar referiu que havia algum receio relativamente ao mecanismo encontrado pelo Governo para permitir que taxistas e mototaxistas abastecessem as suas viaturas nas bombas de combustíveis ao preço anterior de 160 kwanzas, mas a solução foi a mais acertada.
“Os cartões que vão ser atribuídos aos beneficiários têm um ‘plafond’ diário. O receio, antes de tomar contacto real com as medidas, era que os taxistas iriam passar o dia a encher os depósitos e a vender a outras pessoas, afinal a limitação do ‘plafond’ diário vai inibir também essa questão de especulação, de aproveitamento de certos setores”, observou.
“Vamos dar o benefício da dúvida, é facto que os amigos do lucro fácil estão sempre à espera e eventualmente podem arranjar maneiras de tirar benefícios disso”, salientou.
O responsável da AIA lembrou, no entanto, que grande parte dos taxistas e motoqueiros não estão registados e uma parte ínfima que está registada é que vai ter acesso a esses cartões.
“O resto vai continuar na mesma aí, naturalmente vamos assistir as rotas curtas, aumentos das puxadas”, acrescentou.
Para as indústrias, o cenário é de tranquilidade porque “geralmente as indústrias funcionam com diesel e aí não haverá problemas”.
“Agora vamos ter impactos, isso do encurtamento de rotas e mesmo no aumento eventualmente do peixe, porque tenho dúvidas que as embarcações estejam todas registadas e as embarcações que se fazem ao mar são pequenas chatas que trabalham com motores a gasolina, aí também vamos ter um impacto do aumento do preço sobre o pescado”, apontou.