De acordo como o que o Expansão apurou, este era um negócio que já vinha a ser tratado há algum tempo, e que resulta do facto de a ANPG necessitar de mais espaço para incorporar alguns serviços da agência que ainda estão a funcionar no edifÃcio da Sonangol, e o Banco Económico necessitar urgentemente de liquidez para se "manter vivo" e completar o processo de reestruturação.
Apesar da instituição bancária ter pedido um valor mais elevado, o regulador do sector dos petróleos fixou como tecto máximo os 100 milhões de dólares, tendo comunicado esse facto ao Presidente da República.
A confirmarem-se os dados apresentados, estamos a falar de 20.000 metros quadrados no centro da capital, edifÃcio novo e com acabamentos de luxo, o que significa um valor de 5.000 USD por metro quadrado, abaixo daquilo que são as médias para um imóvel com aquelas caracterÃsticas. "Na verdade, o preço por m2 para aquelas caracterÃsticas podia chegar aos 7.000 USD, mas estamos a falar de uma dimensão de negócio onde este valor teria ser um pouco mais baixo. Mas quantas instituições ou empresas existem hoje em Angola que podem dispor de 100 milhões USD para comprar este edifÃcio?", refere um consultor imobiliário ouvido pelo Expansão.
Um outro agente imobiliário coloca a questão da seguinte maneira: "Estamos a falar de um edifÃcio único, possivelmente o melhor da cidade. Mas também não há outro comprador para disponibilizar este valor, e nós temos acompanhado as compras e os alugueres das principais empresas e instituições instaladas no PaÃs. Nesta perspectiva, podemos dizer que por estes 100 milhões USD este é um negócio justo. Para construir de raiz um edifÃcio com aquelas caracterÃsticas seriam necessários 80/90 milhões USD". Apenas acrescentar um pormenor, o preço de construção do imóvel há mais de 10 anos (foi inaugurado em Dezembro de 2012) foi de 3.800 USD por m2.
A ANPG está hoje numa das Torres do Carmo com uma área de 9.000 m2 que os seus responsáveis dizem ser demasiado pequena para acomodar todos os seus serviços. O Expansão sabe que já há algum tempo que a agência estava à procura de novas instalações, tendo inclusive no inÃcio de 2020, há três anos, ter equacionado comprar exactamente este edifÃcio. Também nesta altura passa por uma fase de consolidação da sua actividade, depois de ter completado a transição de pessoas e processos da Sonangol e de ter 80% dos fundos de abandono já sob a sua guarda. E, mais importante, dispõe deste dinheiro para avançar para a compra.
Do lado do Banco Económico, esta é também uma oportunidade única de realizar capital, sendo que possivelmente não haverá uma segunda possibilidade, apesar de o edifÃcio-sede ser a "jóia da coroa" do património do banco. O Expansão sabe que a administração da instituição financeira já terá entregue a uma conhecida empresa imobiliária instalada no PaÃs a lista dos prédios em Luanda que são para vender com instruções de celeridade no processo porque as necessidades de realização de capital são de carácter urgente.
Foi esta conjugação de factores que levou à concretização da venda. O Expansão apurou junto dos envolvidos na transacção que não vai haver coabitação das instituições no prédio, mas que também não há necessidade de apressar a saÃda de uns e a entrada de outros. A ideia é que a ANPG possa estar definitivamente a funcionar no edifÃcio até ao final do ano, sendo que, no entanto, os técnicos da agência já estiveram no imóvel para identificarem as alterações que é necessário fazer em cada piso para a transferência dos serviços.
Já a equipa do Banco Económico deverá ir para um dos muitos edifÃcios que ainda possui em Luanda, tendo sido dito ao Expansão, que a hipótese mais viável será o retorno à antiga sede, o prédio que está ao lado do Teatro Nacional.
Um último pormenor, apesar de a venda estar acertada pelos respectivos conselhos de administração, na quarta-feira decorreu uma última reunião entre técnicos para finalizar o contrato, nomeadamente definir em que condições é entregue o edifÃcio e com que equipamentos, prazos de mudança, formas de pagamento e outros pormenores. O contrato final deverá ser assinado na próxima semana, sendo que o comprador já fez saber ao Banco Económico que pagará em kwanzas ou dólares, que isso não é problema, e que será de acordo com as suas necessidades. Expansão