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Terça, 07 Março 2023 15:40

PGR coloca embaixador Sianga Abílio na lista de figuras que devem restituir ao Estado bens patrimoniais e financeiros da corrupção

O actual embaixador extraordinário e plenipotenciário na República do Quénia e representante permanente de Angola junto dos Escritórios das Nações Unidas em Nairobi (Quénia), Sianga Kivuila Samuel Abílio, é um dos rostos visíveis de um conjunto de investigações patrimoniais e financeiras desencadeadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

A 30 de Janeiro deste ano, o Serviço Nacional de Recuperação de Activos (SENRA) da PGR endereçou uma solicitação a todos os condomínios do país, a fim destes fornecerem, “com a maior brevidade possível”, informações sobre a existência, na base de dados, de bens imóveis em nome de Sianga Abílio.

O documento, que faz apenas uma alusão a um processo de investigação patrimonial e financeira, partilhado nas redes sociais, não oferece mais detalhes sobre o âmbito criminal destas investigações, nem tão-pouco aponta um processo em concreto no qual esteja envolvido o nome de Sianga Abílio.

Entretanto, em 2020, o nome de Sianga Abílio apareceu, reproduzido pela Camunda News e pelo Luanda Post, ao lado de Baptista Sumbe, como tendo beneficiado, entre 2005 e 2006, de quase sete milhões de dólares norte-americanos, em troca da sua actuação como facilitador de negócios no campo petrolífero angolano.

O empresário francês Didier Keller, condenado por corrupção em Agosto de 2020 pela justiça suíça, trabalhou em Angola como director da SBM Offshore, empresa com sede na Holanda, mas com interesses na Peanal – Porto Amboim Estaleiros Navais, Lda.

De acordo com o processo-crime levado a cabo pela justiça helvética, Didier Keller apontou o nome de Sianga Abílio como facilitador de negócios petrolíferos em Angola. Informação, entretanto, negada por Sianga Abílio.

Porém, documentos que circularam nas redes sociais, poucos dias depois, apontavam que os valores a que fez referência o empresário francês foram pagos a Sianga Abílio e a uma empresa a si afecta, a Demógrafos África Lda., por Didier Keller.

Os dados apontavam que o suborno foi extensivo também a Manuel Jesus Sardinha de Sousa, à data dos factos, responsável pela produção da Sonangol, que teria beneficiado de 600 mil dólares norte-americanos, pagos em cinco prestações, para decidir a favor da empresa em dois negócios: um em que estava a envolvido Sianga Abílio, e um segundo relacionado com um contrato relativo à construção e arrendamento para a petrolífera Exxon Mobil de dois navios FPSO no campo petrolífero Kizomba.

A sentença do tribunal suíço aponta que os gestores angolanos da petrolífera nacional receberam pagamentos, através das empresas a que estão ligados, Madrill (Baptista Sumbe) e a Demógrafos África, Lda (Sianga Abílio).

As autoridades suíças descobriram igualmente que os visados teriam utilizado contas bancárias de familiares, como os casos de Cristina Santa Rodrigues Coelho de Sousa (mulher de Manuel Jesus Sardinha de Sousa) e Rosa Nuda de Lemos José Maria Sumbe (mulher de Baptista Sumbe).

Percurso profissional

Sianga Abílio esteve durante 27 anos ao sector petrolífero, tendo estado ligado à Sonangol Holding, onde exerceu as funções de presidente do Conselho de Gerência da Base do Kwanda no Soyo; presidente do Conselho de Administração da Sonamet no Lobito; presidente do Conselho de Administração da Empresa Angola LNG, e o primeiro presidente do Conselho de Administração da Mercury-MST (subsidiária para Telecomunicações).

O seu percurso profissional inicia-se, na verdade, no laboratório químico da Congeral, uma fábrica de óleo alimentar e sabão, em Luanda, logo a seguir à independência, na sequência do abandono de Angola dos técnicos portugueses.

Actua como técnico geólogo de sondagem, com estadias frequentes em sondas petrolíferas, no Mar (Empresa Francesa TOTAL, em Angola) e em 1982 integra os quadros da SONANGOL- UEE e em 1986 é nomeado director de Prospecção e Pesquisa.

Em 1992 é nomeado director Geral da Sonangol Pesquisa e Produção, a primeira subsidiária operacional da Sonangol onde permaneceu até 1999. No mesmo ano de 1999 é nomeado por despacho presidencial, administrador executivo e integra o Conselho de Administração da Sonangol EP.

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