Ou seja: 2,5 milhões de dólares.
Segundo uma investigação publicada pela revista Jeune Afrique, a 30 de Abril último, o director-geral do Tesouro centro-africano, Gabriel Madenga, informou o ministro da tutela, Rémy Yakoro, que por solicitação de Mahamat Kamoun – à época um dos conselheiros especiais da Chefe de Estado, entretanto nomeado primeiro-ministro –, deveria entrar em contacto com Christelle Sappot para receber 2,5 milhões de dólares em espécie.
As instruções sobre o levamento do dinheiro junto de Christelle – filha e assessora da Presidente –, e sobre a sua transferência para o Tesouro da RCA constam de um documento oficial divulgado pela Jeune Afrique, onde a proveniência da quantia é clara: a transacção decorre da segunda tranche da ajuda disponibilizada pelo Presidente de Angola, repartida por duas remessas de 5 milhões de dólares.
No entanto, ao contrário do que aconteceu aquando da primeira operação, desta vez, apenas metade do valor deu entrada nos cofres do Estado de Bangui. O desaparecimento do dinheiro, transportado em espécie, já foi questionado pelo Fundo Monetário Internacional, e de acordo com a Agência Centro-Africana de Imprensa, também pela presidência angolana.
Na resposta, escreve a mesma fonte, “o director de gabinete de Samba-Panza, Joseph Mabingui, explicou que a verba em falta foi aplicada na forma de ‘fundos políticos’, repartidos entre o então primeiro-ministro André Nzapayeké, a Presidente, e actores tão vagos quanto inescrutáveis.
Nomeadamente: “Elementos da sociedade civil, assistência social e humanitária e acções governamentais”.
Segundo Mabingui, que falou à rádio RF1, o dinheiro serviu para a acção de reconciliação e estabelecimento de segurança em Bangui, a capital da RCA. O responsável garante que o dinheiro não foi usado para benefício pessoal.
“Ela [Catherine Samba-Panza] usou alguns desses fundos políticos para convencer as pessoas a voltar para a mesa de negociações no encontro de Brazzaville. Quando ela se tornou Presidente, não havia nada, nenhum veículo”, continuou Joseph Mabingui.
NJ