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Terça, 04 Mai 2021 19:15

Bispo Afonso Nunes diz que é o legítimo representante da Igreja Simão Toco

O bispo Afonso Nunes afirmou-se hoje, em Luanda, o líder da Igreja Simão Toco, contrariando o acórdão do Tribunal Supremo que dá legitimidade ao denominado grupo dos “12 Mais Velhos” como representantes legais da igreja.

Afonso Nunes falava no final de um encontro promovido pelo Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente com representantes de 18 igrejas, para abordar a parceria com o executivo, o reforço da aproximação institucional, o papel das igrejas em tempo da pandemia de covid-19 e breve informação sobre o processo de reconhecimento de confissões religiosas.

“Eu sou o líder da igreja espiritual Jesus Cristo no Mundo, por isso, nesta altura não quero aprofundar isso. Estou aqui, quem me convidou é o Governo, que conhece o meu papel, que conhece quem sou, agora se há um ou outro problema dessa natureza que citou, a seu tempo tudo se vai aclarar”, disse o bispo.

Segundo Afonso Nunes, participou no encontro a convite do ministério como líder espiritual.

“E é este o meu papel. Se há um ou outro problema, se há qualquer situação criada por alguém, por um grupo, por indivíduos, não é esta a situação que me traz aqui, a seu tempo certamente sabereis”, salientou.

O eclesiástico sublinhou que “a igreja tocoísta é uma igreja de milhares, que não se pode tomar de ânimo leve", lembrando que a confissão religiosa tem a sua responsabilidade social e espiritual "muito bem reconhecida" em Angola e internacionalmente.

“Por isso não quero entrar em coisas mesquinhas. A responsabilidade que temos é maior do que outras coisas, é preciso um coração grande como o que tenho”, frisou o bispo, destacando que a igreja atingiu a dimensão que tem “porque Deus ungiu alguém, que achou por bem, por vontade dele, e não por escolha humana”.

Para dar uma ideia da grandiosidade da igreja, Afonso Nunes afirmou que se convocar os seus fiéis para uma atividade, serão vistos “milhões e milhões [de pessoas]”.

O prelado, manifestando abertura para um diálogo com a parte desavinda, afirmou: “Ninguém pode fechar portas para uma abertura, aliás, a nossa missão é continuarmos a criar essa abertura”.

Sobre os conflitos internos de algumas igrejas, nomeadamente a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e Tocoísta (Simão Toco), o ministro da Cultura, Turismo e Ambiente de Angola, Jomo Fortunato, disse que resolver esses problemas "não é função do Estado".

“O Estado pode aconselhar e o aconselhamento é sempre positivo para encontrar equilíbrios entre partes desavindas, os conflitos religiosos são bíblicos, remontam à própria existência humana, mas temos de encontrar formas de solução equilibrada entre os grupos, as tendências, as cisões e os conflitos internos das igrejas, encontrar formas que venham a mediar esse tipo de conflitos sempre na perspetiva positiva”, afirmou.

Jomo Fortunato salientou que a igreja Tocoísta é como outra qualquer e se há questões internas, “serão resolvidas da melhor maneira”.

“E nós vamos encontrar as melhores soluções, as soluções positivas, as soluções que satisfaçam a maioria”, disse.

Relativamente ao diferendo entre membros angolanos e brasileiros da IURD, Jomo Fortunato disse que o representante angolano será recebido, na quarta-feira, para discussão dos problemas existentes, “sempre na perspetiva do equilíbrio, de encontrar a paz”.

“Vamos discutir o problema das igrejas na sua generalidade, a questão aqui não está na igreja universal ou outra igreja qualquer, nós temos uma visão ecuménica da igreja, e dentro das questões que nos forem apresentadas dentro da Igreja Universal do Reino de Deus nós vamos dar soluções”, acrescentou.

Um comunicado da Igreja Simão Toco distribuído à imprensa adianta que tomou conhecimento do acórdão do Tribunal Supremo, por recurso interposto por “um grupo de irmãos que se opuseram ao despacho nº 396/15, de 16 de novembro”, do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, decidindo que a igreja retome a sua situação jurídica de 1992, em que “erradamente reconhecia a igreja alheia de Deus em três partes”.

“Entretanto, por não se conformar com o sentido decisório do mencionado acórdão, a igreja, dentro do prazo legal, já interpôs o competente recurso extraordinário de inconstitucionalidade, a ser apreciado pelo Tribunal Constitucional”, referiu a nota.

Nesse sentido, “para todos os efeitos legais”, o recurso interposto “mantém-se em vigor, válido e eficaz, porquanto o antigo acórdão não ter transitado, o resultado não produz qualquer efeito", considerou.

A igreja fala numa “errónea interpretação do acórdão” pelo grupo “12 Mais Velhos”, salientando que “não é verdade que a decisão do tribunal legitima aquela congregação como sendo a direção da igreja, nem proíbe o líder da igreja tocoísta de continuar a usar os símbolos da igreja”.

“Quer ou não, o tocoísmo será apenas um”, reforçou o comunicado.

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