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Quinta, 16 Julho 2020 15:37

Administradora do BFA e presidente da comissão executiva demitiram-se

A administradora do BFA Maria Manuela Moreira e o presidente da comissão executiva, António Domingues Catana, apresentaram renúncia, depois da demissão do ex-vice-presidente António Domingues, que alertou o regulador angolano para “grave incumprimento” das normas bancárias.

Maria Manuela Moreira é visada numa auditoria de 2017 onde foram detetadas operações bancárias suspeitas que motivaram uma denúncia feita por António Domingues.

As demissões de Maria Manuela Moreira e de António Domingues Catana foram hoje divulgadas pela instituição bancária, numa nota enviada à Agência Lusa sobre o caso.

Depois de António Domingues, a 06 de julho, seguiram-se as demissões de Otília Carmo Faleiro a 08 de julho, Maria Manuela Moreira a 10 de julho e António Domingues Catana, na terça-feira, que foi substituído por deliberação unânime do Conselho de Administração, no dia 14 de julho, por Luís Roberto Fernandes Gonçalves.

O novo presidente da comissão executiva é funcionário público desde 1996 e desempenhou no BFA várias funções de direção, foi presidente da comissão executiva da BFA Gestão de Ativos e administrador executivo do banco BCS.

No que respeita à auditoria de 2017, a administração de então recebeu esclarecimentos por parte da administradora e concluiu que não existirem razões que levassem a duvidar da sua idoneidade, decidindo-se pelo arquivamento do processo.

Em maio de 2020, a atual administração tomou conhecimento desta auditoria e decidiu fazer um novo relatório, cujas conclusões não motivaram a reabertura do processo.

Esta decisão levou à renúncia do gestor português António Domingues, que alertou o Banco Nacional de Angola para a violação das normas bancárias.

O BNA já instaurou uma inspeção ao BFA, que o banco espera “confirme as decisões tomadas em 2017 pela administração” do banco.

Na auditoria de então, uma gerente do Banco Fomento Angola (BFA) disse que depositou 250 mil dólares em notas na conta de Manuel Paulo da Cunha, 'Nito Cunha', antigo chefe de gabinete do ex-PR de Angola José Eduardo dos Santos a mando de Manuela Moreira.

Essa mesma gerente esteve envolvida numa operação de depósito no valor de 21,8 milhões de kwanzas, cerca de 33 mil euros, na conta de uma estudante de 23 anos, sem razões para ter esse dinheiro.

De acordo com o relatório de auditoria de 2017, as verbas são da agora ex-administradora Manuela Moreira, que terá instruído uma gestora e essa gerente do banco a utilizarem a verba para a aplicação no BFA Oportunidades, um produto financeiro disponível à época.

O BFA tem uma maioria de capital da operadora móvel angolana Unitel (51,9%), cabendo ao banco português BPI (48,1%) o restante.

Em 2019, a Unitel passou para as mãos da petrolífera estatal angolana Sonangol, afastando a empresária Isabel dos Santos do controlo da operadora.

Desse modo, a empresária, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, deixou de controlar indiretamente a gestão do BFA, culminando o processo com a nomeação do ex-ministro Rui Mangueira para presidente do conselho da administração, sucedendo a Mário Leite Silva, que renunciou ao cargo em janeiro.

O gestor português Mário Leite Silva é um dos facilitadores portugueses dos negócios de Isabel dos Santos que envolvem esquemas financeiros suspeitos e está constituído arguido pela justiça angolana.

BFA espera que inspeção de regulador angolano confirme decisões da administração

O Banco Fomento Angola (BFA) confirmou o “início de uma inspeção pontual” na sequência do alerta relativo a violações das normas bancárias do ex-vice-presidente António Domingues, esperando que comprove as decisões tomadas pela administração de 2017.

Segundo um comunicado do BFA enviado à Lusa, o departamento de conduta financeira do Banco Nacional de Angola (BNA) notificou a instituição sobre o início de uma inspeção pontual a partir de 10 de julho, que assumem já ter começado.

O banco espera que os resultados da inspeção “confirmem as decisões tomadas em 2017 pela administração do BFA, por não existirem dúvidas do rigor imposto pela comissão executiva do conselho de administração e pelos colaboradores em geral, no cumprimento das normas de prevenção ao branqueamento de capitais e financiamento ao terrorismo”.

Em causa está um relatório de auditoria interna, datado de agosto de 2017, onde foram identificadas duas operações bancárias suspeitas realizadas num dos centros de investimento, onde intervieram, direta e indiretamente, a responsável do centro e a administradora do pelouro na altura.

Na altura, a administração cessante, que recebeu “os esclarecimentos achados necessários da administradora, Maria Manuela Martins”, que era visada na auditoria, concluiu não existirem razões que levassem a duvidar da sua idoneidade, decidindo-se pelo arquivamento do processo.

Em maio de 2020, a informação chegou ao conhecimento da atual administração que, depois de um segundo relatório, deliberou não reabrir o processo.

Opinião diferente teve o gestor António Domingues, que alertou o BNA para graves incumprimentos das normas bancárias e renunciou ao cargo.

Depois de António Domingues, a 06 de julho, seguiram-se as demissões de Otília Carmo Faleiro a 08 de julho, Maria Manuela Moreira a 10 de julho e António Domingues Catana, na terça-feira, que foi substituído por deliberação unânime do Conselho de Administração, no dia 14 de julho, por Luís Roberto Fernandes Gonçalves.

Na auditoria de então, uma gerente do Banco Fomento Angola (BFA) disse que depositou 250 mil dólares em notas na conta de Manuel Paulo da Cunha, 'Nito Cunha', antigo chefe de gabinete do ex-PR de Angola José Eduardo dos Santos a mando de Manuela Moreira.

Essa mesma gerente esteve envolvida numa operação de depósito no valor de 21,8 milhões de kwanzas, cerca de 33 mil euros, na conta de uma estudante de 23 anos, sem razões para ter esse dinheiro.

De acordo com o relatório de auditoria de 2017, as verbas pertenciam à agora ex-administradora Manuela Moreira, que terá instruído uma gestora e essa gerente do banco a utilizarem a verba para a aplicação no BFA Oportunidades, um produto financeiro disponível à época.

O BFA tem uma maioria de capital da operadora móvel angolana Unitel (51,9%), cabendo ao banco português BPI (48,1%) o restante.

Em 2019, a Unitel passou para as mãos da petrolífera estatal angolana Sonangol, afastando a empresária Isabel dos Santos do controlo da operadora.

Desse modo, a empresária, filha do ex-presidente angolano José Eduardo dos Santos, deixou de controlar indiretamente a gestão do BFA, culminando o processo com a nomeação do ex-ministro Rui Mangueira para presidente do conselho da administração, sucedendo a Mário Leite Silva, que renunciou ao cargo em janeiro.

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