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Sexta, 25 Janeiro 2019 20:59

Jovens angolanos muçulmanos condenados em 2017 já estão em liberdade condicional

Os quatro jovens angolanos condenados, em 2017, condenados a três anos por organização terrorista e fidelidade ao grupo extremista Estado Islâmico, estão já em liberdade condicional, disse hoje à agência Lusa o advogado.

Segundo Sebastião Assureira, Angélico da Costa, considerado o chefe do grupo, Joel Paulo, Bruno dos Santos e Lando José foram postos em liberdade condicional, na terça-feira, "por terem cumprido metade da pena e bom comportamento no período em que estiveram detidos".

Sebastião Assureira disse que contribuiu também para a libertação a intervenção do presidente da Associação Mãos Livres, Salvador Freire, aquando do encontro que manteve com o Presidente angolano, João Lourenço, pedindo a sua intervenção.

"Quando convocou a sociedade civil, [a associação] colocou esta preocupação e foi indicado alguém do Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos para ver a situação dos detidos", explicou o advogado.

O Tribunal Provincial de Luanda condenou quatro dos seis jovens muçulmanos por atos preparatórios para os crimes pelos quais vinham acusados, tendo concluído que os mesmos podiam ser "perigosos" para a sociedade e realçando o facto de não ter influenciado a decisão o facto de os réus serem muçulmanos, mas sim por seguirem "ideais" do Estado Islâmico.

O grupo incluía uma mulher, Ana Quieto, que aguardava o julgamento em liberdade, tendo sido absolvida juntamente com outro dos seis acusados, Dala Camueji.

O julgamento do grupo iniciou em 16 de outubro de 2017 e os estavam em prisão preventiva desde dezembro de 2016.

O advogado informou que outro grupo de detidos que deverão ser postos em liberdade nos próximos tempos são os ex-militares condenados por tentativa de golpe de Estado.

De acordo com Sebastião Assureira, a situação destes ex-militares foi igualmente abordada no encontro realizado no ano passado com o chefe de Estado angolano, tendo sido dada a mesma orientação.

"Também a qualquer momento eles poderão sair", disse o advogado.

O caso remonta a 30 de janeiro de 2016, quando 37 cidadãos angolanos, na sua maioria militares desmobilizados das Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA), braço armado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), durante a guerra civil, que terminou em 2002, foram detidos pela Polícia Nacional, por alegada tentativa de assalto ao Palácio Presidencial.

Em março de 2017, o Tribunal Provincial de Luanda condenou os 37 cidadãos pelo crime de golpe de Estado contra o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, na forma tentada.

Do grupo, apenas nove teve penas efetivas, já que os restantes foram condenados a um ano de prisão, mas já tinham cumprido um período semelhante de prisão preventiva.

Dos nove condenados a penas de prisão, um já está em liberdade e um outro deverá sair nos próximos dias, tendo em conta que já cumpriu a punição aplicada, explicou o advogado.

"Os restantes aguardam pelo resultado da orientação presidencial", salientou.

Os réus foram condenados a penas entre os quatro e dez anos de prisão também por posse ilegal de armas, atentado contra o Presidente da República e coação contra o chefe de Estado.

A pena maior, de dez anos de prisão, foi aplicada a Celestino Leonardo, considerado líder dos 37 antigos militares.

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