Os antigos combatentes da FNLA podem ter sido os principais protagonistas do primeiro contacto directo que o presidente Lucas Ngonda manteve com seus opositores internos
Ontem, 21, um grupo maioritariamente composto por elementos do ex-braço armado da FNLA realizaram uma manifestação diante da sede deste partido no Maculusso, em Luanda, exibindo panfletos que apelavam para a necessidade do diálogo com vista à realização conjunta de “um congresso de reconciliação da grande família da FNLA”.
O presidente do partido formado por Holden Roberto permitiu, com efeito, um encontro de mais de três horas com uma representação dos militantes que partilham do pensamento de Ngola Kabangu, com os quais fez um primeiro ensaio de aproximação entre as duas lideranças.
A primeira novidade, saída do encontro, é a aceitação dos mais de 300 antigos membros do Conselho Político Nacional como delegados ao próximo congresso.
Novos encontros foram anunciados para os próximos dias, para se estabelecerem “os termos do diálogo”, segundo Laiz Eduardo, coordenador da comissão preparatória do congresso.
Este anunciado evento, entretanto protelado para o dia 13 de Fevereiro por alegadas “razões técnicas”, está, de resto na base deste novo movimento contestatário contra o actual presidente do partido.
A reunião que ontem colocou frente-a-frente Lucas Ngonda e uma delegação mandatada por Ngola Kabangu foi classificada como sendo “histórica”, por Laiz Eduardo.
“Foi um encontro produtivo, fraco e aberto e travado entre irmãos”, descreveu Laiz Eduardo, em declarações ao jornal O País.
O dirigente da FNLA revelou que a outra parte prendia saber dos passos já dados no quadro da preparação do congresso.
Segundo declarou, o direcção do partido prestou toda a informação respeitante ao evento, incluindo a disponibilidade em aceitar todos os militantes expulsos a fazerem parte da reunião magna do partido.
“Nós já criamos um quadro em que todos os 321 membros do ex-Conselho Político Nacional participam como delegados ao congresso”, garantiu Laiz Eduardo.
Eduardo disse que o novo cenário político interno latente não vai comprometer a realização do congresso na nova data anunciada e garantiu que antes de 13 de Fevereiro as partes poderão discutir todos os aspectos principais que têm sido “o pomo da discórdia”.
“Fomos dizer ao senhor Lucas Ngonda para dialogar. Sem diálogo não haverá congresso algum”, advertiu, por seu lado, Maria Margarida Cardoso, mandatária de Ngola Kabangu às conversações.
A responsável partidária sustentou que se o presidente reconhecido pelo Tribunal Constitucional insistir, unilateralmente, na realização do evento, os seus partidários não irão reconhecer suas decisões.
Margarida Cardoso afirmou que a outra parte prometeu responder “a qualquer momento”, às questões postas à mesa antes de as comissões voltarem a encontrar-se.
“Do nosso lado está tudo pronto e já temos a comissão negocial constituída”, disse a porta-voz de Ngola Kabangu, que defende a realização de “um congresso conjunto”.
Informação disponível deu conta que, ontem e hoje, a equipa do presidente Lucas Ngonda está a realizar os acertos necessários para as negociações previstas, podendo ter havido o mesmo exercício da parte de Ngola Kabangu e seus pares.
O antigo membro da comissão política nacional da FNLA Castro Freedom disse que manifestação dos militantes demonstra que são as bases que mais se preocupam com a crise em que o partido está mergulhado desde 2004.
Castro Freedom afirmou estar encorajado com a iniciativa dos “mais velhos”, que de alguma maneira veio frear a bipolarização que enferma a organização.
Voanews