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Terça, 23 Dezembro 2014 09:36

“MPLA não teve visão e pensou na eternidade do petróleo”

O  Ano  de  2014  foi  o  mais  difícil  para a maioria dos angolanos que continuam  excluídos  do  sistema, quer  do  ponto  de  vista  político, como económico e financeiro.

Em  declarações  ao  Novo  Jornal sobre  o  ano  prestes  a  finalizar,  o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, lamentou  que  “o  sistema  político angolano  tenha  endurecido  posições, assumindo-se como uma verdadeira ditadura africana de Partido/Estado, que procura exercer de forma brutal um poder absoluto”.

“Esta postura tem um alto preço a  pagar,  conforme  as  experiências de muitos países africanos, que se transforma em crise profunda, carregada de grande conflitualidade”, salientou.

Para  o  político,  “neste  endurecimento de posições de dirigentes do  Partido/Estado  verificou-se  a tendência  para  se  criarem  novos conflitos, conforme declarações de alguns  governadores  provinciais, como foi o caso de Boavida Neto, governador do Bié”.

“Continuam a fazer discursos incendiários. Mais recentemente, foi a vez de Bento Bento e do ministro do Interior, que procuram criar um clima  de  medo,  com  a  introdução da ideia da guerra”, lamentou.

Segundo Sakala, “a UNITA, com a  sua  experiência,  inteligência  e sentido de Estado, tem sabido distanciar-se deste discurso belicista, projectando para o futuro as suas ideias de paz, reconciliação, justiça social, transparência e respeito pelos direitos humanos”.

A  UNITA,  adiantou,  lamenta  a consolidação  e  a  institucionalização  da  corrupção  em  Angola, evidenciando aquilo que diz ser o silêncio  do  Ministério  Público  e  a impunidade  de  alguns  dirigentes do partido maioritário.

“Está agora mais do que provado que a economia angolana, ancorada no petróleo, não tinha sustentabilidade,  não  tinha  pernas  para andar,  para  sobreviver  à  descida vertiginosa do preço do petróleo”, observou Alcides Sakala.

De acordo com o político, “o partido no poder não teve visão e pensou na eternidade do petróleo, alimentando o egoísmo dos seus dirigentes”.

“Os países com visão, produtores de petróleo, fizeram melhor em termos sociais, contrariamente a Angola, que está a mergulhar cada vez mais numa crise económica profunda, com consequências previsíveis”, deplorou.

Na  opinião  do  porta-voz  do principal  partido  na  oposição, 2014 foi um ano em que as liberdades fundamentais, consagradas na  Constituição,  continuaram  a  ser negadas aos angolanos, como o direito de manifestação, sempre reprimida com violência.

“A censura passou a ser parte do quotidiano dos angolanos, pratica-da pelos órgãos públicos da comunicação social. Mesmo a cobertura em directo dos debates parlamentares continua a ser negada aos angolanos”, lembrou.

“Angola  continua  a  ser  o  único país dos PALOP que ainda não tem autarquias  e  todos  os  indicadores sociais  e  políticos  apontam  para uma  mudança  breve  no  país,  que terá nos jovens o sustentáculo desse processo”, enfatizou.

“Por  isso”-  continuou  Sakala  - “somos por uma transição de gerações pacífica para que os novos actores políticos trabalhem para a paz social, para a justiça social e para a aceitação do outro, num contexto de separação de poderes”.

NJ

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