"Às empresas petrolíferas, além de empregos que terão que criar para os cidadãos angolanos, e em particular para os namibenses, teremos de exigir que cumpram com a sua responsabilidade social", disse o deputado Sampaio Mucanda, numa nota de alerta ao Executivo angolano.
De acordo com o parlamentar, "não pode haver brincadeiras como acontece nas províncias de Cabinda e Zaire, onde as populações locais pouco beneficiam desta riqueza ali extraída".
"Hoje as empresas exploram as rochas ornamentais em milhares de toneladas, exploram o titânio, capturam o pescado com arrastões sem matrículas", denunciou, manifestando a sua preocupação com a "pobreza absoluta" que assola as comunidades nesta província.
O deputado denunciou ainda haver um recurso mineral desconhecido pelas populações que está a ser explorado no município do Curoca, onde semanalmente, é vista uma avioneta transportando alguns dirigentes do regime e estrangeiros.
Sampaio Mucanda chamou a atenção aos habitantes locais para não deixarem a "política apenas para os políticos, pois as decisões que tomam têm reflexos positivos ou negativos na vida de todos os cidadãos".
"Por isso mesmo, sejamos vigilantes e participemos activa e efectivamente na gestão da coisa pública", acrescentou, notando que alguns governantes muitas vezes se aproveitam da passividade e espírito de resignação de muitos namibenses para enriquecerem, em detrimento das populações.
"Na legislatura passada tentámos travar a actividade de exploração de petróleo no Namibe a partir da Casa das leis, depois, realizaram-se manifestações em Moçâmedes e Tômbwa com o lema: "Peixe sim, petróleo não, infelizmente não tivemos sucesso", lembrou, exigindo que as empresas petrolíferas tenham escritórios no Namibe, e não em Luanda, conforme fizeram com Cabinda e Zaire.
"A mão-de-obra especializada de que a província não disponha pode ser recrutar fora, mas motoristas, auxiliares de limpeza, funcionários administrativos...terão de ser recrutados no Namibe, uma forma de valorização do conteúdo local", impôs.
"Não pedimos para nascer num País rico em recursos naturais, por isso mesmo não devemos aceitar continuar a viver na penúria enquanto um punhado de indivíduos da classe governante se enriquece todos os dias", concluiu.
Refira-se que o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, anunciou que começa em 2024 a perfuração do primeiro poço no Bloco 30, na Bacia do Namibe.
O governante, que fez este anúncio na abertura do workshop sobre recursos minerais, petróleo e gás, salientou que a concretização da Bacia do Namibe será mais atractiva, devendo captar mais investimentos para a exploração e produção de hidrocarbonetos, bem como oportunidades para empresas locais e de prestação de serviços.
Indicou que o surgimento da actividade petrolífera no Namibe tem suscitado algumas inquietações sobre a coabitação entre as actividades pesqueiras e a petrolífera.
No entanto, enfatizou que a indústria petrolífera opera com as mais modernas tecnologias de exploração e produção disponíveis no mercado, conferindo níveis de eficiência e segurança elevados, assegurando que os impactos adversos ao ambiente sejam considerados minimizados.
Afirmou ainda que mais de 80 por cento da produção nacional de petróleo provem de campos petrolíferos maduros, pelo que se afigura necessário e crucial a realização de investimentos no sector para o incremento da exploração, visando a reposição das reservas produzidas e a atenuação do declínio da produção.
Salientou que o desenvolvimento da actividade mineral e petrolífera na província do Namibe deverá também criar novas oportunidades de trabalho para a juventude.
Para o ministro, os operadores do sector petrolífero devem preocupar-se com o aumento do nível de qualificação da sua força de trabalho nacional e proporcionar-lhes condições para o desenvolvimento das suas carreiras profissionais.
A província do Namibe, realçou, possui infraestruturas estratégicas como o Porto do Namibe, Porto Mineiro do Saco Mar e o Caminho de Ferro de Moçâmedes (CFM), que têm um papel importante no exercício das actividades ligadas à economia local e nacional, incluindo as actividades minerais e de apoio à indústria de petróleo e gás. NJ