Um pretexto esbatimento da referida hipótese (AM872), constante de análises e outlooks inspirados em dados novos, entre os quais a recuperação política de João Lourenço (AM940) e o surgimento de tendências internas de denegrimento da figura de Manuel Vicente, é considerado “infundado” nos mesmos círculos.
A atenção que o rumor político e a imprensa prestam ao assunto da chamada “sucessão presidencial”, por vezes com base em elementos contraditórios, continua a ser vista como resultado de artifícios inspirados pelo próprio círculo presidencial com objectivo de manter sobre o mesmo uma indefinição capaz de reforçar a capacidade de pressão e de decisão final do JES.
2. A aparente “passividade” que Manuel Vicente deixa transparecer em relação às suas expectativas presidenciais, também não é considerada sintomática do seu estado de espírito, demonstrativa de ausência de vontade pessoal e política. É antes, atribuída a factores como seguinte:
- O próprio entende que deve exercer discretamente o seu actual cargo de Vice-Presidente, ie, sem manifestações individuais ou condutas institucionais indutoras da ideia que encara o cargo como “trampolim natural” para a presidência.
- A noção austera que tem das suas obrigações de lealdade a JES; a influência de peculiaridade da política interna como a “inconveniência” de actos voluntários de auto-apresentação a candidaturas à “sucessão presidencial ”.
- A sua inata personalidade reservada e introvertida.
3. A convicção presente nos círculos referidos é a de que a postura de Manuel Vicente tenderá a alterar-se no sentido de uma assunção clara da condição de candidato à “sucessão presidencial”, logo que o próprio JES emita um sinal claro de que é por ele que se inclina – o que ainda não aconteceu, “de todo”.
Julga-se que, no quadro de uma realidade que o posicione nitidamente como candidato, Manuel Vicente adoptará uma nova atitude, em resultado da qual não terá dificuldades em lidar com a oposição que lhe é movida na direcção do partido. Devido à natureza patrimonial do regime, a concessão de benesses e mordomias é um eficaz instrumento de acção política.
4. Na opção final por Manuel Vicente, que se prevê venha a ser a de JES, também se julga que contará decisivamente o facto de ser ele que, entre os seus filhos e pessoas próximas, mais confiança infunde. Nas decisões de JES respeitantes à família (ou com implicações nela), são sempre notados cuidados extremos tendo em vista a sua protecção.
Africa Monitor