Encerrou, ontem, em Washington, a cimeira EUA- Africa, um evento que durou três dias que os líderes africanos aproveitaram o para apresentar, à potência mundial, as suas preocupações ligadas à segurança, investimentos, cooperação, segurança alimentar e outras cadeias de necessidades.
Conforme dados aos quais OPAIS teve acesso, pelos corredores da cimeira, durante os eventos paralelos, Angola aproveitou o certame para esclarecer alguns empecilhos e eliminar as zonas cinzentas que estavam na base de certos constrangimentos que se constituíam em impasse para o investimento americano no país.
Garantias e protecção dos investimentos privados foram as palavras-chave que João Lourenço levou a Washington durante os três dias de cimeira que juntou 50 líderes africanos, o governo americano e uma infinita quantidade de homens de negócios a convite do Presidente Joe Biden.
Convencer o empresariado norte-americano para voltar a investir em Angola foi o grande desafio de João Loureço e seus auxiliares que, nos diferentes painéis em que participaram, "venderam" a imagem de uma nova Angola assente, fundamental- mente, na justiça e no funcionamento das instituições.
Para o efeito, João Lourenço, nos diferentes encontros que foi tendo, durante a "apertada" e agitada semana, deixou claro que a nova Angola está a ser construída numa base sólida que tem como linha directiva a eliminação de uma série de vícios, dos quais destacam-se a corrupção e a impunidade como os principais alvos a bater.
Nas palavras de João Lourenço, a corrupção, que durante anos, posicionou-se como dos principais males que o país viveu e foi, igualmente, factor determinante que forçou a desaceleração do investimento privado, particularmente americanos, pelo que julgou ser necessária a sua rápida eliminação tão logo assumiu o poder, em 2017.
Para João Lourenço, o combate à corrupção é uma questão de segurança nacional, explicando que quando os recursos, que são de todos, acabam descaminhados para os bolsos de uns poucos, prejudica o investimento do Estado em infra-estruturas e equipamentos sociais como hospitais, estradas, pontes, escolas.
Esses males, frisou, leva ao descontentamento da população, a revoltas, a golpes de Estado e outros males, e riscos, pondo em causa a estabilidade do país.
Angola, segundo palavras do Presidente João Lourenço, tem interesse em reforçar a sua cooperação com os EUA, admitindo mesmo existir uma mudança de paradigma.
O chefe de Estado angolano exortou ainda aos americanos a "não duvidarem das suas boas intenções relativamente a este passo muito sensivel que Angola está a dar, se quiser olhar para o passado histórico dos seus relacionamentos".
João Lourenço aproveitou ainda para fazer referência ao posicionamento geográfico estratégico de Angola, aos seus esforços para atrair investimento estrangeiro para Angola, sobretudo de norte-americanos, e aos "novos players" que começam a surgir em diferentes sectores como telecomunicações e produção de energia solar.
EUA elogia mudanças
A presidência de Angola tem vindo a ser elogiada pela administração Biden pela liderança em desafios regionais e reformas democráticas e económicas em andamento.
O secretário de Estado norte americano, Antony Blinken, que, à margem da cimeira, reuniu-se com o Presidente João Lourenço, em Washington, realçou que "os Estados Unidos dão grande importância ao relacionamento com Angola, relacionamento esse que se tem fortalecido, cada vez mais, principalmente, sob a sua liderança".
Blinken acrescentou ainda que "os EUA também apreciam muito a liderança que Angola tem demonstrado na região, tentando acabar com os conflitos, trazer a paz, a segurança e a boa governação em todo o continente, sobretudo no que diz respeito à situação no Leste da República Democrática do Congo e que Luanda está "ainda mais forte e os laços comerciais e de investimentos cada vez mais profundos".
Entretanto, as trocas comerciais entre Angola e os Estados Unidos da América atingiram, até Novembro de 2019, cerca de USD 1,4 mil milhões.
"Não duvidarem das suas boas intenções relativa- mente a este passo muito sensível que Angola está a dar, se se quiser olhar para o passado histórico dos seus relacionamentos".
OPAIS