Terça, 16 de Abril de 2024
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Quinta, 06 Outubro 2022 20:47

Analistas queixam-se de prisões: "Pior que durante José Eduardo dos Santos"

Analistas e alguns antigos presos políticos dizem que continuam a aumentar o número de presos políticos em Angola e há quem afirma nunca ter visto tantas detenções num período pós eleitoral como ocorreu em 2022.

Entre os detidos apontam o líder do do Movimento do Protectorado da Lunda Tchokwé, José Mateus Zecamutchima, o Soba Kapembe, os activistas Luther Campos e "Ta Nice Neutro".

O antigo membro do conhecido grupo dos 15+2, detido em 2015, Hitler Samussuko diz estar assustado com tantas detenções nesse período pós eleitoral.

"Quando as autoridades vão às redes sociais vasculhar, para prender e raptar quem criticar o Presidente da República, configura-se violação de direitos humanos e fundamentais da Constituição da República, o Presidente João Lourenço é pior do que o seu antecessor, eu não me lembro de ter visto um contexto pós-eleições semelhante a este com tantas detenções”, sustenta aquele cientista político, que disse ter, aliás, perdido a conta os activistas detidos, “em todo o lado”,

O soba Kapembe diz que “Zecamutchima continua preso em Benguela, silenciado e ainda continuam a prender outras pessoas aqui, na sequência do massacre de Cafunfo, para não falar de outros presos desaparecidos, o Presidente João Lourenço perdeu a oportunidade de fazer diferente depois das eleições, mas é uma pouca vergonha porque as coisas estão piores".

Também a activista Laura Macedo entende não haver grandes diferenças entre Lourenço e José Eduardo dos Santos.

"Continua a haver incómodo aos jornalistas, a sociedade civil está manietada, tem sempre a polícia à perna, há o caso do Zecamuchima atirado para prisão de Benguela, sem direito a visita de familiares, vamos tendo prisões um pouco, penso não haver grandes diferenças entre um e outro”, diz Macedo, acrescentando que João Lourenço “toda vez que abre a boca insulta-nos a todos, um pouco mais agressivo que o seu antecessor, talvez esta seja a única diferença entre os dois"

Cabinda também tem sido um palco propenso a prisões políticas.

O advogado Arão Tempo, que também já foi detido várias vezes, diz que o cerco está mais apertado agora.

"No actual mandato, quase ninguém pode falar, cerrou de tal maneira o sistema politico, as perseguições aumentaram, há serviços próprios de intimidação e perseguição que não dão tréguas a ninguém, basta uma simples caricatura, uma mensagem crítica ao Presidente nas redes sociais e não escapas", conta Tempo.

A UNITA, na oposição, manifestou recentemente a sua preocupação com os chamados presos políticos, em particular a saúde deles. VOA

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