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Segunda, 06 Outubro 2014 15:57

Mau tempo volta ao PDP-ANA

Sediangani Mbimbi, líder do Partido Democrático para o Progresso e Aliança Nacional de Angola (PDP-ANA), desvalorizou as declarações do militante Abreu Capitão, que se terá intitulado como sendo porta-voz deste partido, anunciando a convocação de um Congresso extraordinário, em Novembro de 2014, para tirar o partido da alegada letargia em que se encontra.

Abreu Capitão, que com Simão Makazu alegaram constituir uma Comissão de Gestão (CG) em Fevereiro do ano em curso, tinham perspectivado realizar uma actividade idêntica em Março, em Luanda, mas sem sucesso, por razões não reveladas, aliás, desde a altura até à data remeteram-se num silêncio.

Sete meses depois, a dupla (Capitão e Makazu) reaparece com o mesmo discurso: realizar um conclave dentro de dois meses para eleger uma nova direcção, substituindo a actual que é liderada por Sediangani, que é apontado pelos mentores desta iniciativa como sendo o obstáculo ao funcionamento do partido, segundo declarações prestadas por Capitão a um jornal luandense.

Reagindo às declarações, tal como já o tinha feito em Fevereiro, Sediangani Mbimbi reafirmou que, com base nos estatutos do partido que dirige, compete somente ao presidente convocar o Congresso ou Convenção, mediante a disponibilidade financeira para a realização de um evento do género.

Segundo o líder desta força política, o secretário-geral adjunto Simão Makazu, assim como o militante Abreu Capitão, antigo delegado desta força política na Huíla até depois da realização das eleições legislativas de 2008, “ não têm legalidade e nem legitimidade, e os estatutos não lhes conferem esse direito”, afirmou.

Em conversa com O PAÍS, o político esclareceu que todas as reuniões do Bureau Político (BP) do Comité Central (CC), Convenções e Congressos só podem ser convocados pelo “ presidente do partido e mais ninguém”, sublinhou, tendo acusado os seus correligionários de pretenderem alcançar a liderança do partido por vias “impróprias e desonestas e atentando contra os estatutos do partido”.

Realização do Congresso

Quanto a esta questão, a fonte precisou que sempre esteve disposto para organizar e realizar o Conclave, mas a materialização desta ideia tem sido condicionado pela falta de dinheiro que suportasse a logística, alojamento e alimentação dos delegados das províncias e de um ínfimo número que viesse da diáspora. “ Mas sem o dinheiro como é que vamos realizar este evento”, interrogou-se.

Sediangani Mbimbi disse que foi da sua iniciativa a pretensão de realizar o Congresso para legitimar os órgãos do partido, tendo para o efeito, constituído uma comissão preparatória que era coordenada pelo ex-militante de topo David Kissadila, actualmente na Convergência Ampla de Salvação de Angola-Coligação Eleitoral CASA-CE).

A realização do evento está estimado em mais de trinta milhões de Kwanzas, mas “ o partido não recebeu nenhum tostão dos senhores Makazu e Capitão, até agora, como contribuição para a realização do nosso Congresso”, desabafou Sediangani. Segundo ainda o político, os seus companheiros pretendem constituir uma 5ª coluna (fragmentação) no seio do partido.

Para a fonte, a intenção primordial deste grupo é o de tentar fragilizar esta força política, cumprindo uma missão que alegou ser de uma mão oculta em troca de “míseros dólares, sem pudor e desrespeito ao sangue derramado do seu líder fundador Mfulumpinga Nlandu Víctor que morreu” em circunstâncias ainda por esclarecer pelas autoridades competentes.

Ainda sobre o Congresso, Sediangani Mbimbi garantiu que o mesmo poderá ocorrer durante o primeiro trimestre de 2015, reforçando que presentemente a direcção liderada por si está a desdobrar-se em contactos para obtenção do valor que se necessita. “ Que os nossos militantes fiquem tranquilos, vem aí o nosso verdadeiro Congresso. Estamos a trabalhar para isso”, garantiu.

Ameaças de morte

Sediangani Mbimbi denunciou a este jornal que tem estado a receber ameaças de morte por parte de Abreu Capitango, através de várias mensagens que lhe têm sido enviadas via telefone, caso se desloque ao Lubango, onde, segundo a fonte, ele vive. “ Tenho várias mensagens enviadas por ele, alertando-me que se eu for à Huíla, concretamente no Lubango serei assassinado, por ele”.

A fonte explicou que as supostas mensagens persuasivas visam intimidá-lo para não contactar os militantes que residem naquela província sudeste do país, e que lhes são fiéis, e que “ nunca e nem pensam ser levados pela falsa ideia de salvar o partido por esta dupla que só pretende afundar o partido em troca de dinheiro”, desabafou.

Segundo Sediangani, há muito que Capitão lhe vem fazendo ameaças para o assassinar, desde a altura em que ele e mais outros membros do partido, cujos nomes não revelou, estiveram na direcção da campanha eleitoral de 2008, que se “apropriaram de viaturas do partido de marca toyota land cruiser, levando-as para parte incerta, quando foram intimados pelo partido para deporem sobre esses mesmos meios”, contou.

Reincidência

Segundo a fonte, esta é a segunda vez que ocorre mais uma tentativa de afastá-lo da liderança do partido, depois de um acto idêntico ter sido “ensaiado” por Simão Makazu em Junho de 2010, altura em que se proclamou como coordenador da Comissão de Gestão do PDP-ANA, mas que não teve “ pernas para andar, porque não teve apoio da massa militante”, disse Sediangani.

A referida CG foi depois invalidada pelo Tribunal Constitucional (TC), que considerou ter havido atropelo aos estatutos, embora os mentores tenham advogado o artigo 39º, nº 2, destes mesmos estatutos para justificarem a convocação do Congresso extraordinário. Eles alegaram terem reunido dois terços dos membros do Comité Central.

Cláusula foi mal interpretada

O líder do PDP-ANA argumentou, na altura, que era impossível 23 militantes que participaram da aludida reunião, realizada numa das unidades hoteleiras de Luanda, incluindo alguns que não são membros do Comité Central, constituíssem os dois terços. Disse que tal número não tinha juntado o quórum suficiente, dizendo que o Comité Central é constituído por 213 membros.

Sediangani tinha considerado a reunião em causa como sendo um encontro de militantes suspensos pela direcção do partido, em Março de 2009, implicados no desvio de fundos atribuídos pelo Governo durante a campanha eleitoral de 2008, e que tentavam escapar da justiça, cujo processo corria os seus trâmites na Direcção Nacional de Investigação Criminal (DNIC).

Sediangani Mbimbi referia-se, concretamente, a Malungo Belo, Abreu Capitão e Simão Makazu que, durante o pleito eleitoral de 5 de Setembro de 2008, estiveram à frente da gestão do dinheiro da campanha eleitoral. Neste pleito eleitoral, o partido não teve sucesso, embora tenha obtido 0,5 por cento para se manter como partido político, mesmo sem eleger um único deputado.

O PAIS

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