A saber:
- O seu poder e influências aumentaram; acumulou responsabilidades e competências de que JES, por fadiga, tem vindo a prescindir por não fazerem parte de matérias/domínios a que agora se dedica predominantemente, em especial finanças e política externa; é, na prática, a segunda figura do regime, conforme deixa transparecer o funcionamento do processo de decisão política nas ausências de JES; tem-se rodeado de peritos e especialistas em assuntos que não domina, assim como cultiva redes de apoios internos.
- A nomeação de João Lourenço como ministro da Defesa ofuscou a sua importância política, privando-o de condições de controlo do sector militar, que sempre teve ao seu alcance; p ex, tinha nítida ascendência sobre o anterior ministro, Cândido Van-Dúnem, figura politicamente apagada e pouco aplicada no exercício da função; ao contrário, João Lourenço tem prestígio político e é respeitado em meios-chave (partido, oligarquia e sociedade em geral); esta evidência e o mau relacionamento político pessoal que de há muito mantém com “Kopelipa”, limitaram antigas capacidades deste para controlar as FA e ter influências no respectivo meio.
Um dos primeiros actos de João Lourenço como ministro da Defesa foi providenciar no sentido de contrariar tendências de interferência no funcionamento das FA e meio militar provindas do Gen José Maria – referenciando como próximo de “Kopelipa”, que ficou a dever-lhe o seu ingresso na Casa Militar/GEPA.
2. Meios competentes consideram mais abalizada a apreciação segundo a qual “Kopelipa” continua a ser uma figura chave do regime; é a ele que JES confia os assuntos mais sensíveis/secretos do regime, assim como é o “keep guard” do sistema de segurança nacional e do dispositivo de segurança e protecção do Presidente.
É considerada “procedente” a avaliação de que perdeu capacidades de controlo das FA por via da saída do anterior ministro, que também era seu parente, e da entrada de João Lourenço, mas a evidência não é interpretada como representando o seu declínio político – na actual conjuntura considerado difícil de acontecer.
A respectiva linha argumentativa é a de que JES “precisou” de recuperar João Lourenço, no quadro das suas políticas de reagrupamento interno. Tendo em conta o seu especial estatuto (considerado equivalente ao de Pitra Neto, este também com grande aceitação no partido), era necessário oferecer-lhe cargo compatível.
No quadro criado com a nomeação de João Lourenço, a este ficam cometidas responsabilidades no plano militar, enquanto a “Kopelipa” ficou reservada a área da segurança interna. JES revela desde a muito tempo inclinação para “engenharias de repartição de poder”entre rivais, se possível exercendo em sobreposição.
3. “Kopelipa”foi um dos responsáveis políticos que mais dinheiro terá perdido com o colapso do GES/BES. Em meios com bom conhecimento do assunto circula que tinha grandes consideráveis aplicações na holding do grupo, ESFG, além de que teria depósitos volumosos no ES Bank, Dubai; era também accionista do BESA.
Africa Monitor