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Domingo, 03 Novembro 2019 14:59

Situação financeira leva Estado a adiar funerais "dignos" para dirigentes da UNITA

No quadro do processo de reconciliação nacional, o Governo assumiu realizar funerais condignos para altos dirigentes desta força política falecidos durante a guerra, segundo fonte do partido do “Galo Negro”

À semelhança do que ocorreu com os restos mortais do ex-líder fundador da UNITA, Jonas Savimbi, e do general Arlindo Chenda Pena “Ben Ben”, ex-vice-chefe de Estado-Maior General das Forças Armadas Angolanas (FAA), no ano em curso, os demais exdirigentes deste partido falecidos no período de guerra já não serão sepultados “condignamente” em 2020 como se previa.

Trata-se dos restos mortais do vice-presidente António Dembo, falecido nas matas do Moxico em 2002, e de outros dirigentes mortos nos confrontos pós-eleitorais de 1992, em Luanda, Jeremias Chitunda, Mango Alicerce, Salupeto Pena e Eliseu Chimbili. Uma fonte deste partido avançou a este jornal que, dada a situação económico-financeira que o país está a atravessar, desaconselha- se prosseguir com o sepultamento destes ex-dirigentes da UNITA, mortos em circunstâncias diferentes, durante o conflito armado que o país viveu.

A fonte avançou que, para o enterro condigno destas figuras, a UNITA contaria com o apoio do Governo, no quadro do processo de reconciliação nacional, mas a situação financeira afigura-se difícil, apesar da pressão familiar. As esposas e os filhos dos dirigentes da UNITA falecidos em Luanda, de acordo com a fonte, são os que mais insistem junto da direccão desta força política para o sepultamento dos seus familiares, de cujos corpos se desconhece o paradeiro, apesar de alegadamente estarem sob custódia do Governo.

Enterro condigno

A melhor forma que pretendem para homenagear os seus entes queridos, de acordo com a fonte, é vê-los sepultados condignamente nas suas terras de origem e, à moda de cada família, e todos os anos fariam uma romagem às suas campas, num dia como o de ontem, 2 de Novembro, dedicado aos finados. É o que defende Isaías “Jeffo” Dembo, um dos filhos de António Dembo, antigo vicepresidente da UNITA, falecido dias depois da morte de Jonas Savimbi, a 22 de Fevereiro de 2002, no Moxico.

Em declarações, ontem, a OPAÍS, informou que passados seis anos após o falecimento do seu progenitor, por doença, nas matas, a família iniciou um processo de diligências em 2008 para a localização dos restos mortais do seu progenitor, com o apoio de algumas pessoas com as quais viveu os últimos dias, mas sem sucesso. Essa equipa era composta por 11 indivíduos, e a ideia, segundo Jeffo Dembo, era de localizar a campa rasa onde estão sepultados os restos mortais, entre os rios Lulue e Lumai, na comuna do Luvuei, município dos Bundas.

Depois de cinco dias ininterruptos sem nada terem encontrado, devido à sinuosidade da região onde estão enterrados provisoriamente, a comitiva regressou à procedência, aguardando novas diligências, cujo trabalho será já feito em conjunto com a direcção da UNITA e o Governo. Decorridos 17 anos, a família de António Dembo aguarda pacientemente que ao seu ente querido seja consagrado um funeral condigno, cim um processo de exumação e inumação que será feito pela mesma equipa que cuidou das ossadas de Jonas Savimbi, segundo o seu filho. Uma vez consumado este processo, seria o maior consolo, não só para os filhos e esposa, mas sobretudo para a mãe do próprio António Dembo, uma anciã com 92 anos, disse Jeffo Dembo. OPAIS

Reforçou que o desejo da família é que seja enterrado no município do Nambuangongo, província do Bengo, sua terra natal. Refira-se que, a pedido da família de Jonas Savimbi ao ex- Presidente da República, José Eduardo dos Santos, cujo processo foi continuado pelo seu sucessor e actual Chefe de Estado, João Lourenço, o Governo deu o apoio necessário para a inumação e exumação das ossadas do antigo líder da UNITA, tendo sido enterrado na aldeia da Lopitanga (Andulo) no dia 1 de Junho. Em Setembro do ano passado, foi enterrado, na mesma localidade, o seu sobrinho general Ben Ben, falecido em Outubro de 1998 na África do Sul. OPAIS

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