Jonas Savimbi morreu em combate a 22 de Fevereiro de 2002, na comuna do Lucusse, na província do Moxico, e foi enterrado no dia 1 de Junho na aldeia de Lopitanga, no Andulo, num processo concluido pelo actual Chefe de Estado, João Lourenço.
Em entrevista a OPAÍS à margem do VII Congresso extraordinário do MPLA, realizado no dia 15 deste mês, Jorge Valentim afirmou que o enterro condigno a Jonas Savimbi pecou por não ter citado José Eduardo dos Santos, que permitiu que o seu corpo fosse preservado no Cemitério Municipal do Luena, no Moxico.
Disse que ele e os políticos Lucas Ngonda, da FNLA, e Alberto Neto, do PDA, foram os únicos que pediram ao antigo Presidente da República para que o corpo do ex-líder da UNITA não fosse vandalizado e queimado, como pretendiam algumas pessoas.
“Quando morreu o Doutor Savimbi, nenhum dirigente da UNITA abriu a sua boca. Fomos nós que fizemos o apelo ao presidente Dos Santos para proteger o corpo, porque a população pedia que fosse queimado”, desabafou o político.
Segundo Valentim, a falta deste reconhecimento fez com que ele próprio também não se fizesse presente na cerimónia fúnebre de Savimbi, que foi enterrado na mesma ao lado dos seus progenitores, Loth Malheiro e Helena Mbundu.
“Quem defendeu o Lopitanga para ser um sítio especial fui eu, e o Doutor Savimbi mandatou-me para incluir este aspecto no Protocolo de Lusaka. Estes que estão ali a falar nunca fizeram nada. Gratidão, gratidão deveria ser também a quem protegeu o corpo de Savimbi após à sua morte”, sublinhou o político.
Jorge Valentim, um dos principais delfins e dos poucos que mais privaram com Jonas Savimbi, desde o tempo de estudantes em Portugal, nas matas e nas cidades, deplorou o facto de não ter sido convidado pela actual direcção do partido do “galo negro”, como foi o outro histórico e co-fundador da UNITA, Miguel Nzau Puna, hoje militante do MPLA.
Expulsão
Jorge Valentim foi expulso das fileiras da UNITA em 2006, sob acusação de expiar para o MPLA, partido a que mais tarde viria a aderir.
Durante a sua militância de 40 anos ininterruptos, Jorge Valentim ocupou, entre outras funções na UNITA, a de secretário para a Informação.
No Governo de Unidade e Reconciliação Nacional(GURN) fez parte do primeiro grupo de deputados da UNITA enviados a Luanda para tomar posse na Assembleia Nacional, em 1997, tendo depois ido para o Governo, onde foi ministro de Hotelaria e Turismo.
UNITA minimiza Valentim
Reagindo às declarações de Jorge Valentim, o porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, começou por explicar que os óbitos em África não carecem de autorização, podendo, na altura, o político manifestar a sua profunda solidariedade, tal como sucedeu com N’zau Puna.
Sakala disse ainda que a UNITA agradeceu o gesto de todas as individualidades singulares e colectivas que contribuiram directa ou indirectamente para que o enterro de Jonas Savimbi fosse possível ao lado dos seus progenitores, como era seu desejo.
“Penso que estas acusações do Doutor Jorge Valentim são gratuitas e só acontecem porque ele não acompanhou directamente este processo”, disse Alcides Sakala. OPAIS