Luaty Beirão é nesta altura, e sê-lo-á certamente no futuro, um marco na luta pela democracia real em Angola. Na nossa história haverá um antes e um depois do Luaty. Contra a vontade do regime, mas haverá.
Sinto nojo de mim mesmo por sentir-me impotente e nada poder fazer em favor do jovem Luati Beirão, vivo num estado constante de confusão e angustia espiritual, minha alma sangra e de tanta dor chora. Afirmo e torno publico o meu medo pelo que poderá suceder a partir de agora com a vida do jovem musico Luati beirão.
As manifestações pela liberdade dos detidos ganharam força com a greve de Luaty Beirão e relevância em Portugal pela sua dupla nacionalidade.
O mundo está com os olhos postos em Luaty Beirão. O mundo começa a perceber que o regime angolano se comporta exactamente como uma ditadura, prendendo e torturando os seus opositores.
O regime autoritário do MPLA em Angola nasceu de uma guerra civil que, pelos vistos, ainda não terminou, pois regime que nasce torto não endireita. Como demonstra o caso de Luaty Beirão.
Numa Europa que nunca hesitou em interferir em pátria alheia, é impressionante a impunidade de que José Eduardo dos Santos beneficia para manter o seu regime de corrupção e ataque aos direitos humanos. Portugal, como principal parceiro económico de Angola, tem especiais responsabilidades nesta vergonha diplomática.
1. Não sei como José Eduardo dos Santos dorme à noite. Não sei como Isabel dos Santos dorme à noite. Não sei como milhares de homens e mulheres de negócios dormem à noite. Não sei como o Governo português dorme à noite. E o PCP podia arranjar melhor companhia do que o governo português nesta matéria, a greve de fome de Luaty Beirão. Milhares de comunistas portugueses presos, torturados e mortos em nome da liberdade merecem muito mais.
O discurso à Nação do presidente da República foi ontem proferido pelo vice-presidente Manuel Vicente, já que José Eduardo dos Santos não compareceu no Parlamento, por alegadas razões de saúde. Do discurso, destaca-se precisamente a ausência do presidente e silêncio aparentemente indiferente quanto aos presos políticos em Luanda.