Por Carlos Rosado de Carvalho
A razão da minha confusão residia no facto de, se por um lado, o BNA apertou a política monetária, aumentando a taxa BNA, por outros dois desapertou. Em primeiro lugar, reduzindo o coeficiente de reservas obrigatórias. Em segundo, libertando os compradores de divisas da obrigação de depositarem nos bancos o contra-valor em kwanzas dos pedidos de moeda estrangeira.
Na sequência do que escrevi, duas fontes alertaram-me que nem tudo o que parece é. Referiam-se em particular à redução do coeficiente de reservas obrigatórias, isto é, a percentagem dos depósitos que os bancos são obrigados a depositar no BNA. Não tendo que depositar tanto dinheiro no BNA os bancos ficam com mais dinheiro para emprestar.
Não é bem assim, garantem as duas fontes. Porquê? Porque a redução do coeficiente de reservas obrigatórias de 30% para 21% apresenta algumas nuances, a principal das quais tem a ver com o facto de os títulos da dívida pública terem deixado de ser elegíveis para a constituição das reservas. O mesmo sucede com os créditos para produção de bens alimentares.
Ou seja, os bancos vão ser obrigados a substituir os títulos do Estado e os créditos para a produção de bens alimentares que contavam para as reservas por dinheiro.
Se os montantes libertados pela redução nas reservas obrigatórias for superior aos títulos públicos e aos créditos até agora usados para cumprimento das mesmas reservas, os bancos ficam com mais dinheiro para emprestar. Caso contrário ficam com menos. As minhas fontes garantem ser este o caso.
Não tenho razões para duvidar das fontes, pelo contrário.
Mas tenho uma pergunta que não posso calar. Porque é que o governador do BNA não vem a público explicar as decisões de política monetária como acontece com os principais bancos centrais do mundo?
As decisões de política monetária mexem com as taxas de juro e por essa via com os nossos bolsos. Dr. Massano entre na onda da política de proximidade da nova administração e passe a explicar em conferência de imprensa as decisões de política monetária. Se não for sempre, pelo menos quando essas decisões são susceptíveis de provocar confusão entre os agentes económicos. Expansao