Segunda, 14 de Julho de 2025
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Domingo, 13 Julho 2025 20:26

A visão económica do futuro

Adalberto dá lição de liderança, enquanto Higino tropeça no passado — e João Lourenço mente sem vergonha. A semana que começou foi de muitas e tremendas emoções, com factos convexos e desconvexos.

Por um lado, tivemos o pronunciamento público de Higino Carneiro, que sai do ostracismo deplorável e se propõe a candidatar-se à cadeira maior do MPLA.

Por outro lado, assistimos em direto ao presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, que inteligentemente falou e publicitou, com extrema destreza, o seu plano político, social e económico, com inteligência, mestria e pragmatismo.

Falar da comunicação feita por Higino Carneiro vale apenas pela motivação demonstrada em desejar concorrer ao cargo de presidente do MPLA.

Porém, pecou pela falta de produtividade intelectual — sobretudo no que toca a propostas que ajudem a tirar o partido do marasmo em que se encontra.

No pronunciamento do General, faltou colorir o discurso com propostas corajosas.

Principalmente, não se sentiu qualquer rompimento sério com o passado nem com o presente do partido.

O General titubeou e repetiu-se demasiadamente. Em suma: não trouxe nada de novo que ajude a mudar a cena político-partidária no país.

Angola já não tem espaço para grilos falantes com aspirações de chefe da fazenda chamada Angola.

Onde ficaram as propostas? Onde estão os incentivos inovadores?

Falando em propostas inovadoras, foi precisamente isso que ouvimos — e sentimos — na entrevista que o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, concedeu ao jornalista e economista Carlos Rosado de Carvalho.

Ali, sim. Ouvimos atentamente um verdadeiro líder, com um impressionante programa de governo bem estruturado.Principalmente, o líder da UNITA trouxe verdades corajosas a público — verdades que jamais ouvimos da boca de qualquer liderado de João Lourenço, menos ainda de membros da oposição domesticada.

O regime tentou comprar o líder da UNITA em troca de um terceiro mandato.

O que se ouviu foi, de facto, uma aula magna sobre economia, finanças e alinhamento político-administrativo.

Sobre o pronunciamento do General Higino Carneiro, mais uma vez faltou posicionamento firme face aos desmandos do atual presidente.

Faltou coragem ao agastado velho general para tirar do sufoco a militância desnutrida de alimento e de liberdade.

Faltou-lhe, na verdade, coragem — uma coragem sufocada pelo medo.

Com esse tipo de linguajar à moda do velho DIP, Higino não vai convencer ninguém de que haverá qualquer mudança real no seio do partido.

No entanto, o benefício da dúvida ele já tem.

Falta agora prometer que vai romper com os roubos eleitorais.

Falta dizer se moverá a sua bancada no Parlamento para correr com os "Manicos" da vida na direção da CNE.

Ao evitar mencionar o grande conflito que opõe o povo ao MPLA, comete um erro crasso para quem quer ser presidente de Angola.

O país não aguenta mais do mesmo. Sai um general incompetente e entra outro grilo galante que fala muito e não diz nada de concreto.

O MPLA não pode continuar a ser o refúgio de generais que discursam sem compromisso e sem a ombridade de prestar verdadeiro serviço público.

E se o MPLA perder as eleições?

O que dirá o general-candidato?

Vai mandar assar a UNITA, como no passado, ou aceitará os resultados?

Tudo isso teria que ter ficado claro no seu primeiro pronunciamento.

É importante que haja um posicionamento generalista e transversal quando se trata de uma candidatura que promete mudança no comando do MPLA.

Quanto à UNITA, conjuro a militância a orgulhar-se do grande político que têm como presidente e a honrarem a memória do Dr. Jonas Malheiro Savimbi, reconduzindo o engenheiro Adalberto Costa Júnior na presidência do vosso partido.

Como angolano e membro do MPLA há 53 anos, posso cordialmente afirmar:

Tenho grande apreço e orgulho no angolano que a UNITA tem como presidente.

Para terminar, deixo aqui uma réplica ao ocupante da Presidência da República e ao seu staff: não insultem o povo com ás vossos dribles de politiqueiro infames.

Todo angolano que acompanhou, no passado e no presente, as trocas e baldrocas feitas pelo regime — sobretudo a partir de 1992 — sabe bem que é prática corrente o MPLA comprar consciências para aplaudirem os seus desmandos.

Assim sendo, fica muito feio o usurpador tentar iludir os angolanos com mentiras deslavadas — sobretudo mentir com a pretensão de enganar um povo já demasiado ressabiado.

O presidente do MPLA, que era na altura secretário-geral do partido, ajudou a viabilizar a compra de altas figuras da UNITA para reforçarem a autenticidade da fraude eleitoral descomunal de 1992.

Nessa altura, foram comprados os senhores N’Zau Puna (antigo secretário-geral da UNITA), Tony da Costa Fernandes (secretário das Relações Exteriores), Paulo Tchipilica, George Chicote, entre outros quadros da UNITA.

O MPLA continuou com essa prática até aos dias de hoje.

Como não acreditar que tentaram comprar o atual líder da UNITA?

O povo conhece bem as valências do partido-estado nessa matéria.

Estamos cansados deste cinismo recorrente do MPLA.

Podem enganar alguns por algum tempo, mas não conseguirão enganar todo o mundo o tempo todo.

Já é tempo de reflexão no interior do MPLA.

Estamos juntos.

Por Raúl Diniz

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