Segunda, 10 de Fevereiro de 2025
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Quinta, 23 Janeiro 2025 12:05

E depois de Biden? José Semedo

Durante as últimas semanas de 2024, toda a sorte de partidários do PR João Lourenço celebrou como o grande triunfo diplomático do PR João Lourenço o anúncio de que o seu grande ídolo político, Joe Biden, viria a Angola. A baixa aprovação popular de JLo era agora compensada pelo seu título não oficial de “gênio da diplomacia”.

O presidente que tem uma solução para tudo e para todos os países, agora poderia ostentar o seu título de “grande diplomata”, que conseguiu fazer com que o presidente do país mais poderoso do mundo viesse a Angola. O problema é que o general, ignorou seus críticos, que ainda em 2024 previram o resultado dos acordos celebrados com Joe Biden.

A imprensa não-oficial angolana publicou uma série de artigos que apresentavam uma série de problemas relacionados com o Corredor do Lobito, em especial depois que Joe Biden desistiu de sua reeleição, quando ficou evidente o seu "fraco" estado de saúde.

A jornalista Redi Thlabi, da África do Sul, em entrevista ao Deutsche Welle (DW), disse que Angola provavelmente foi influenciada pelo facto de que os Estados Unidos ainda são a principal economia do mundo e o mais poderoso país militarmente, vindo a oferecer o Corredor em troca de ajuda humanitária e outros tipos de ajuda que pudessem ajudar a estabilizar o regime do MPLA.

Todavia quem concebeu a actual política externa de Angola não tem em mente que hoje os países do Sul Global preferem fazer negócios com outros países em desenvolvimento, pois os EUA têm sua agenda própria e ela pode mudar bruscamente conforme a mudança de presidente.

Os EUA tiveram um presidente que oferecia ajuda humanitária a países africanos em troca de sua presença e agora um presidente que abertamente refere-se aos países africanos como “shit holes”, como foi publicado na imprensa não-oficial angolana. Foram gastos muitos recursos públicos para a tornar um espetáculo a visita de Joe Biden, recursos estes que poderiam ter sido utilizados para resolver problemas mais urgentes, concretos e que dependem de Angola, e não dos EUA, da China ou do Império Galáctico – a questão da água!

Hoje Angola vive uma crise econômica e sanitária, muitos angolanos estão a morrer de cólera por falta de água potável! Por que não telefonar para os líderes da Áustria para resolver questões básicas como as da água, em vez de um espetáculo midiático em torno de um presidente?! O povo angolano recebeu JLo num estádio a gritar “Fome!” e ao que parece irá fazer o mesmo a gritar “Sede!”, pois num país cheio de recursos, o povo não tem água potável, esta que é agora uma mercadoria de luxo negociada por especuladores.

A considerar a posse do novo presidente Donald Trump nos Estados Unidos da América, fica evidente que os recursos gastos por JLo para receber o ex-presidente foram inúteis e poderiam ter sido melhor aproveitados em Angola.

O novo presidente americano anulou uma série de acordos assinados por Joe Biden e agora tem outra agenda, outras prioridades, exatamente como foi previsto por mais de um jornalista angolano. Mas infelizmente, o facto é que em vez de ouvir o seu próprio povo e manter uma relação dialógica com os jornalistas, João Lourenço e autoridades angolanas preferem tratá-los com uma relação processual penal. José Semedo

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