Sábado, 25 de Janeiro de 2025
Follow Us

Quarta, 04 Dezembro 2024 12:24

A visita de Joe Biden a Angola e o Angopessimismo

A visita do presidente Norte Americano permitiu revelar vários sintomas de uma das doenças intelectuais que assolam o nosso pais: O Angopessimismo ou Activismo.

O Angopessimismo se caracteriza por uma oposição histérica ao governo de Angola se transforma em uma oposição a Angola como pais. Uma das causa ? Preguiça intelectual, afinal as pessoas tem medo de entrar na política dos “Países normais”, em que se deve apresentar propostas que sejam relevantes para lidar com problemas reias. Preferem pelo contrario a “luta contra a ditadura”. que tem apenas uma simples solução: levar a oposição ao poder, conhecido erroneamente como alternância. São pessoas refém do espírito revolucionário, que passaram da denuncia do que nao esta bem para a celebração das coisas que nao vai bem e agora acabam a denunciar problemas que nao existem. Primeiro diziam que o Biden estava a ignorar o JLO, para agora dizer que a visita nao tem relevancia … sem perceber que as duas coisas nao podem ser verdadeiras.

A forma mais extrema do Angopessismo se manifesta no que podemos chamar de Activismo, uma pratica histérica e anti-democractica.

Histérica porque o Activista julgo o mundo e as pessoas a partir de uma ideia fixa, sua oposição a uma opção política, sendo por isto como que um maluco que organiza o transito: imita as manobras do Agente de Transito, porem nao se preocupa em saber se esta realmente a ajudar os motoristas, basta-lhe o Acto de Activismo apenas.

Anti-Democratico porque o activista se auto-proclama representante da comunidade, a titulo vitalício, e decide sozinho quais sao as prioridades da comunidade. Um político ao menos se sujeita aos eleitores e tem de mudar seu programa para conseguir suporto.

Os Angopessimistas ja festejam a inutilidade do accordo celebrado, alegando que o Trump vai o ignorar, porque afinal tudo que vai mal em Angola os aproxima do seu sonho: Ascender ao poder. Adeptos de uma Escatologia digna de desenhos animados japoneses.

Afinal nada importa, para os Angopessimistas, alem da revolução, o assunto que discutem são sempre acessórios para este fim. Criticaram tudo, incluindo a tolerância de ponto decretada, as medidas de segurança, o acordo, etc …

O Valor Económico, um dos piores jornais de Angola por causa de seu activismo sem limites, condensa os argumentos dos Angopessimistas: https://valoreconomico.co.ao/artigo/angola-nao-merece-isso?fbclid=IwY2xjawG85VJleHRuA2FlbQIxMQABHc_7opu7U_I_nuzh7md6Ro91fQ-I7S4VXpdPzhwwScY_cerPyejUGeGcfQ_aem_w_q1Wvtp-iNcD2jWzVaYiw

Qual seria o alcance real da visita do Biden ?

Um marco importante das relação entre os dois países, que provavelmente vai continuar no governo Trump no que toca o investimento no corredor de Lobito, por virtude da advogacia das empresas envolvidas, enquanto que a parte cultural que orbita a volta da memoria do trafico de escravos vai ser provavelmente ignorada pelo Trump, adepto de uma Americanismo sem culpas.

As ilusões de uma virada total de Luanda para a América, como os medos de sua virada total para Beijing, surge de uma ignorância da estratégia Angolana do equilíbrio geopolítico: Nunca depender totalmente de uma potencia, de modo a evitar de ser colocar totalmente a suas ordens ou de perder os meios de se defender se esta potencia retirar seu apoio, como aconteceu no caso da Republica Centro Africana quando o presidente Holande decidiu que as tropas Francesas presentes no pais nao iriam se opor a uma ofensiva rebelde sobre a capital, apesar de um acordo militar em vigor. Por isto que o Governo Comunista do MPLA, após sua vitoria em 1975, não confiscou os campos de Petróleo do Malongo operados pela Chevron, de modo a ter uma fonte de financiamento independente da Russia e Cuba, respectivamente fornecedores de armamento e de forcas militares, garantido assim uma certa independência.

Por isto que Luanda continua com a cooperação militar com vários parceiros, para evitar que influencia desmedida de uma pais sobre o Estado de Angola, o que também permite evitar um fenómeno similar ao golpe da Guine pelo comandante de unidade anti-terrorista..

Este pragmatismo de Luanda continua ate os dias de hoje, com a divida chinesa usada para restaurar o caminho de ferro de Benguela sem que seja vendido a China, e agora a sua ampliação com fundos americanos sem que haja uma venda. O corredor do Lobito permite que Luanda diversifique sua clientela para o caminho de ferro de Benguela, que depende da estabilidade do Congo-Kinshasa, um pais que esta em uma trajectória de implosão política. Ao ligar Lobito directamente a Zambia, sem passar pelo Congo, o Corredor de Lobito abre um mercado politicamente mais estável e prospero para Luanda. Do ponto de vista Americano, o corredor tem como objectivo criar uma rota alternativa para a exportação de minérios da África central, de modo a controlar a cadeia de abastecimentos de materia prima que possa ser essencial para a China, com um efeito de escala local que interessa a Luanda: limitar a exploração por grupos armados no Congo RDC, que financiam seu armamento, o que pode levar finalmente a uma paz naquele pais.

Os lideres Angolanos nao sao ideólogos, como se pode ler neste artigo de um think-thank Americano, sendo a parte mais ideológica do MPLA entrou em dissidência e agora faz parte da oposição, se concentrando no BD e representado por personalidades como o Pepetela, que foram Marxistas fieis e úteis no tempo do partido único, quando a radicalidade era necessária.

O que guia o pragmatismo da Elite Angolana ? O Desejo de permanecer no poder, o que levar a um realismo ao lidar com os problemas do mundo, apesar de varias décadas de doutrinação comunista, sendo que sabem que preservar os interesses do Estado de Angola sempre foi a melhor forma de atingir este objectivo.  Roboredo Garcia

Rate this item
(1 Vote)