No poder desde 11 de Novembro de 1975, o MPLA entrou na fase análoga da pessoa que, tendo feito recurso a cirurgias plásticas de toda a sorte, transplante de órgãos, desintoxicação etc., é sobrepujada pela degradação física e mental decorrente da idade avançada. A velhice é irreversível, seguida pela morte.
A fraude eleitoral é uma das milhentas maracutaias que o MPLA (usando as instituições Estado) tem levado a cabo para se manter no poder.
Entretanto, este recurso (a fraude eleitoral) já atingiu um ponto de insustentabilidade. A corda da fraude está já sobremaneira esticada, que já não é possível esticá-la mais, porquanto rebentar-se-á.
- Nas eleições de 2008 o MPLA obteve 81,64% dos votos. A UNITA obteve 10,39% dos votos.
- Nas eleições de 2012 o MPLA obteve 71,84%. A UNITA obteve 18,66% dos votos.
- Nas eleições de 2017 o MPLA obteve 61,08% dos votos. A UNITA obteve 26,68% dos votos.
- Nas eleições de 2022 o MPLA obteve 51,17% dos votos. A UNITA obteve 43,95%.
Os resultados acima descritos (forjados pela CNE) constituem uma mentira político-eleitoral insustentável, cujas implicações são, para dizer o mínimo, curiosas. Vejamos:
1 - A cada acto eleitoral (2008, 2012, 2017 e 2022), o Povo angolano retira do MPLA, em média, 10,15% dos votos e dá à UNITA, em média, 11,18% dos votos – isto faz dos angolanos o Povo mais escrupuloso do mundo, que, apesar da fome e da miséria, retira confiança política do partido no poder de forma gradual a uma proporção precisa de 10% e a atribui ao partido na oposição;
2 - A estatística forjada da CNE permite prever que nas Eleições de 2027 o MPLA terá apenas cerca de 41% dos votos – então o Povo angolano terá invertido o quadro: a UNITA receberá 54% dos votos e o MPLA ficará com 41% dos votos (o resto será para os pequenos partidos), perdendo.
A fraude eleitoral traduzida na “mentira dos 10%” ficou insustentável. É um expediente que, a ser seguido, fará o mentiroso atolar-se na sua própria mentira. Todavia, o MPLA, já tendo percebido o problema, está engajado no seu laboratório a conceber novas maracutaias. Algumas já conheceram a luz do dia, como é o caso da nova Divisão Político-Administrativa e a Lei contra os Crimes de Vandalismo.
O MPLA é um partido cujo projecto de poder sobrepõe-se ao projecto de sociedade, ou seja, enquanto para outros partidos a manutenção do poder passa por governar para realizar o cidadão através da boa governação e, daí, este votar novamente no incumbente, para o MPLA e seus correligionários ideológicos (tais como FRELIMO, ZANU-PF e Partido Socialista Unido da Venezuela), primeiro devem ser capturadas e controladas as instituições do Estado (partidarização). A boa governação não tem importância estratégica. E, quando os cidadãos votam massivamente noutro partido, a vontade dos cidadãos expressa nas urnas é subvertida através da fraude, primeiro pelo organismo que realiza as eleições (CNE, no caso de Angola). Segundo, a fraude é validada pelo tribunal competente (TC, no caso de Angola). Terceiro, entrementes, as diversas forças de defesa e segurança entram em prontidão repressiva para inviabilizar todas e quaisquer tentativas de descontentamento através da tomada das ruas (PN, SP, FAA, SINSE etc., no caso de Angola). Todo este processo é possível, porque as instituições estão partidarizadas (capturadas e controladas pelo Partido-Estado).
Na realidade, não é apenas a fraude eleitoral que se tornou insustentável. Os expedientes de usar o TC e as forças de defesa e segurança para impedir a alternância também são insustentáveis.
A manutenção do poder a todo o custo é insustentável. Tal como não é possível travar a velhice, também não é possível o MPLA travar a sua decadência.
Deputado Nuno Álvaro Dala