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Segunda, 30 Outubro 2023 10:04

Preocupações sociais e polarização política toldam os avanços na Saúde

Os mandatos do Presidente João Lourenço têm sido profundamente afectados pela situação económica dos angolanos. Não havendo comida nem empregos, aceita-se que os cidadãos não tenham disponibilidade para olhar, com olhos de ver, para o que está a acontecer para além da sua necessidade objectiva de sobrevivência.

Por Ismael Mateus/JA

Tal como previmos no caso de José Eduardo dos Santos, só depois de abandonar o poder, a sociedade terá serenidade e disponibilidade para reconhecer a obra que o actual Chefe de Estado vem fazendo. Tem sido assim com ministros, governadores provinciais e Presidentes da República, que durante os mandatos são duramente criticados por nada fazerem e, depois de abandonarem o poder, são vistos com mais simpatia e até com uma certa nostalgia do passado.

Os números não mentem e mesmo que hoje, embrenhados nas dificuldades económicas ninguém queira admitir, o que está a ser feito, por exemplo na área da saúde (a grande aposta do PR), é impressionante.

Desde 2017, o Governo tem feito uma aposta contínua de investimento na saúde, desde centros de saúde, hospitais municipais, hospitais gerais provinciais e grandes hospitais de referência e de especialidade. Existem no país mais de três mil (3000) unidades de saúde, entre os quais 13 Hospitais Centrais e de Especialidade, seis Institutos, 23 Hospitais Gerais e Provinciais, 172 Hospitais Municipais, 800 Centros de Saúde e 2.311 Postos de Saúde.

Para fazer face às críticas de que o Governo possui uma visão excessivamente "hospitalocêntrica”, há uma aposta crescente em unidades sanitárias ao nível local. O Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), que é uma criação do governo Lourenço, não deixa qualquer margem de dúvidas sobre a aposta na saúde. O PIIM tem inscritos a construção de 125 postos médicos, 120 centros de saúde, 50 hospitais municipais, 11 centros materno-infantil e 6 hospitais de especialidade. Naturalmente esse esforço tem sido acompanhado de contratação de mão de obra. 35% dessa mão de obra, entre enfermeiros, médicos e especialistas em medicina geral e familiar, cerca de 33 mil profissionais estão afectos ao sector primário. O serviço público de saúde tem 41.093 novos profissionais e até 2027 deverão ser admitidos 10.800 novos médicos e 78.500 enfermeiros para as unidades sanitárias em construção.

Só mesmo as preocupações com o alto custo de vida e o jogo político nos impedem de reconhecer estes progressos que se reflectem também no número de camas hospitalares. Em 2017, quando chegou ao poder, o país tinha disponíveis 13.426 camas e hoje o número está em 37.808. Uma diferença de 24.382 camas hospitalares.

Presos à actualidade política e à agenda do dia-a-dia, a imprensa também não consegue apresentar-nos o retrato da mudança que se vem registando com novos centros de saúde a funcionar, como o da Quilemba, na Huíla, Quibala, no Cuanza-Sul, e tantos outros, ou de hospitais municipais construídos de raiz, como são os casos dos hospitais municipais de Camanongue, Moxico; Cuemba, Bié; Quimbele, Uíge; Maquela do Zombo, também Uíge.

Mesmo no caso dos hospitais gerais provinciais, o destaque é quase sempre a publicidade negativa por casos de negligência médica, mau atendimento ou falta de medicamentos. Milhares de angolanos são atendidos diariamente nos novos hospitais gerais ou de especialidade, como são o Hospital Walter Strangway, no Bié; Ngola Kimbanda, Namibe; geral da Lunda-Sul, em Saurimo, Geral de Cabinda, na cidade de Cabinda, e ainda a Maternidade Provincial da Lunda-Sul.

Entre os hospitais em construção, podemos encontrar um novo Hospital dos Queimados; o hospital Pedalé ; um novo hospital militar de Luanda, Hospital de Oncologia, Hospital de Traumatologia, um Hospital de Oftalmologia. Estão também previstos novos hospitais gerais, nomeadamente de Caxito (Bengo), de Ndalatando (Cuanza-Norte), Sumbe (Cuanza-Sul), Ondjiva (Cunene), Dundo (Lunda-Norte), Luau (Moxico); Uíge, Mbanza Kongo (Zaire), Malanje, Viana (Luanda) e de Cacuaco (Luanda).

Outro exemplo da aposta de João Lourenço é o programa de hemodiálise. Os cidadãos angolanos que sofrem de problemas renais não precisam mais de emigrar para Portugal, Namíbia e África do Sul. Semanalmente, cerca de cinco mil doentes nacionais são atendidos em dez províncias (em 2017 eram apenas três províncias com hemodiálise), como Luanda, Huíla, Zaire, Cunene, Moxico, Bié, Benguela, Cabinda, Malanje e Huambo. Prevê-se que no final do seu mandato, João Lourenço deixe como legado o alargamento dos serviços de hemodiálise a todas as províncias do país.

Afogados que todos estamos nas preocupações económicas e na polarização política, não restam nem cidadãos comuns, jornalistas e muito menos políticos que se mostrem receptivos a olhar para os números e reconhecer o salto. Aqui reside um dos significativos dilemas dos mandatos de João Lourenço. Os gritos dos cidadãos e da oposição quanto ao aumento do custo de vida ou a contínua subida dos números do desemprego toldam a capacidade de ver o que vai para além do seu sofrimento diário. Com milhares de jovens no desemprego e outras tantas pessoas com sérias dificuldades em conseguir alimentar-se de forma "decente”, o tempo vai encarregar-se de valorizar este crescimento exponencial da saúde em Angola.

 
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