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Quarta, 10 Setembro 2014 10:21

Dos todos para os todos

Na semana anterior houve duas frases que ficaram na nossa memória. A primeira, um cidadão angolano dizia que se está vivo agradece-o ao gabinete do presidente da Reipública. A segunda, alguém dizia que em Angola está-se a construir um país de todos para todos.

Rapidamente fizemos uma retrospectiva de acontecimentos recentes e distantes da realidade social angolana, para tentar perceber a lógica dessas duas afirmações. Não têm lógica, e são o resultado de emissões de metano oriundas de digestões de ostentação e narcisismo, catalisadas por uma filosofia sanzaleira.

As pessoas menos informadas, ao ouvirem ou lerem a primeira frase, poderão pensar que o gabinete do presidente da Reipública é uma instituição hospitalar, uma enfermaria ou uma unidade de cuidados intensivos, sendo o Presidente-Rei o chefe de um grupo clínico.

Não, não é o caso. Esse cidadão queria dizer que esse gabinete apoiou-o financeiramente nos tratamentos a que esteve sujeito, devido a problemas muito sérios de saúde. Este argumento vem contradizer as teorias cabritistas do discípulo do escriba-impostor das Batalhas do Kuíto Carnaval, em defesa do (mau) Estado Social angolano.

Dizia ele, ainda há muito pouco tempo, que Angola investe no Estado Social mais do que a maioria dos países mais desenvolvidos, do mundo inteiro. Se isso fosse verdade, significaria que o Estado Social possui um número suficiente de instituições, independentes do Poder Feudal, para garantirem o bem estar de todos os cidadãos. Isso é uma enorme mentira.

Ainda recentemente soube-se que há angolanos a morrerem por desnutrição e a mortalidade infantil é vergonhosamente elevada em Angola. É muito triste quando um angolano necessita de prestar vassalagem às aves de rapina, só porque teve assistência médica adequada, um facto absolutamente normal no quotidiano dos tais países que os megafones do Reigime dizem estar em decadência.

Ninguém nos EUA, Canadá, França, Espanha, Bélgica, Inglaterra, Itália, Alemanha, etc. vai agradecer ao gabinete real ou presidencial um direito que deve ser garantido pelas instituições de saúde do seu país. Ainda temos na memória recente o facto de a filha de um presidente africano ter ido parir um herdeiro da Cleptocracia numa clínica em Londres e a de um Rei-Presidente ir ao “dentista” a Barcelona... Quer isso dizer que as instituições de saúde desse país não dão garantias de profissionalismo? O Estado Social do país desses cidadãos está, como demonstram os factos, muito doente, com um diagnóstico de muita incompetência e elevadas injustiças sociais.

O prognóstico é para piorar. O Estado Social desse país, atípico, disfuncional, é muito aplaudido pelo escriba-impostor das Batalhas do Kuíto-Carnaval que, no passado, definia o Reigime implantado como um Socialismo Sanzaleiro e, agora, depois de remunerado com centenas de milhar de trinta-dinheiros, em dólares ou euros, está domesticado para não o desmascarar como um Capitalismo Émepeleiro Selvagem.

Nessa Angola dos todos para todos falta saber quantos todos nunca farão parte dos todos e quantos são os que não são contabilizados nos todos e nos todos, porque se encontram impossibilitados de reclamar os seus direitos mínimos de respeito e dignidade como seres humanos. Os serviços estatísticos da Republicana-Monarquia, que contabilizam os todos e os todos, são muito tolos. Há milhões, de barriga vazia, que não entram nessas contas dos diGerentes demasiadamente incompetentes.

Existe uma certeza: os todos pretendem que os todos aumentem a produtividade e eficiência para que a distribuição dos lucros da produção se efectue com uma ainda maior indecência. Com papas e bolos se enganam os tolos. Neste caso, os demagogos ludibriam os todos com o engodo de poderem vir a fazer parte dos todos. Sabemos que isso nunca acontecerá, num futuro próximo, porque os todos têm muitas forças militares e para-militares para impedirem que os todos tentem petiscar dos seus bolos.

 

Folha8

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