Os angolanos estão cansados de guerras cíclicas e de discursos de incitação à violência. Os angolanos procuram hoje reencontrar-se, após anos de um longo e violento conflito que destruiu vidas humanas e separou famílias e amigos. O momento exige muita serenidade e não de discursos inflamatórios. Apelamos, assim, à sociedade angolana e às elites dirigentes do país em particular para se envidarem todos os esforços para a adopção de uma cultura de paz, de tolerância e de irmandade. Angola precisa, sim, de um discurso que tranquilize os espíritos, que dê melhores perspectivas aos angolanos e confiança no futuro, e não de declarações musculadas.
Por conseguinte, as declarações do Governador do Namibe são gravíssimas. Encorajam, de facto, os actos de intolerância política , como os que ocorreram a semana passada no Município do Cuemba que fizeram vitimas. Para um partido que é o MPLA, que diz ter vencido a guerra, como o próprio governador afirma, hão haveria razões para tanto ódio contra a UNITA, com quem celebrou Acordos de Paz. Porque tanto medo! A UNITA existe. Goste-e dela ou não. Ignorá-la é pretender tapar o sol com a peneira.Tem o seu percurso e espaço político em todo o país conquistado ao longo de quase 50 anos da sua existência. Agiganta-se, assim, todo os dias. Vai continuar a existir e muito brevemente vai dirigir Angola para dar um novo rumo ao país. Por isso; o nosso apelo a serenidade.Num pais que se pretende democrático, tem-se de saber conviver com a diferença. Concentremos, assim, as nossas energias, físicas e intelectuais para a construção da nação angolana pós-conflito. Trabalhemos todos para a reconciliação e unidade nacional e o exemplo deve partir do topo. A UNITA estende, assim, a sua mão a todos os angolanos que queiram dar a sua contribuição para o aprofundamento da democracia em Angola.
Por Alcides Sakala