Do seu constante processo de regeneração (natural ou laboratorial?), não se sabe ao certo quantas novas estirpes mais surgirão. A verdade é que o bicho continua insaciável. Especialistas falam em estirpes Inglesa e Sul Africana, que já circulam no seio das nossas comunidades.
Para os governos, revela-se cada vez mais dificil e complexo acharem um equilibrio, ainda que imperfeito, entre a retoma da vida socioconómica e o esforço de prevenção e controle da doença. Ou seja, decidir entre preservar e proteger o bem vida e desenvolverem as suas economias, elemento indispensável que serve de garante para a preservação da vida e sobrevivência humanas. Este tem sido o verdadeiro calcanhar de aquiles dos governos.
A militar contra esses esforços, estão os frequentes comportamentos descordantes e incrédulos de muitos cidadãos, que em muitas nações manifestam-se contrariados face as medidas de prevenção e controlo impostas pelos seus governos. Com todo o respeito que lhes deve ser salvaguardado por direito, trata-se, na minha opinião pessoal, de um comportamento incompreensível dada a importância das suas vidas para os próprios e respectivos governos.
Os cientistas, trabalhando a todo gás, tudo fazem em busca de soluções para controlar e irradicar o inflexível vírus. Criaram vacinas emergenciais para combater a sua propagação, sendo umas mais eficazes do que outras. Dentre as mais utilizadas e conhecidas estão a Pfizer da BioNtech(95%); AstraZeneca da Oxforf-AstraZeneca(62-90%); Moderna(9%) e a Sputnik V da Gamaleya (92%).
Nas suas acções de combate a propagação da doença, os governos vão gravitando entre encerrar, abrir ou restringir o funcionamento dos serviços e instituições, no quadro das suas estratégias de mitigação dos efeitos da pandema. Do outro lado, os cidadãos continuam a exigir dos governos a melhoria das condições de vida e o normal funcionamento das instituições, ignorando, em muitos casos, a presença da crise sanitária e os seus nefastos efeitos, um verdadeiro paradoxo.
Estamos perante uma nova era de governação em que o normal é esperar o inesperado. Não há contemplações para ninguém. Trata-se de uma revolução governativa mundial, onde todos actores almejam o mesmo alvo: o normal funcionamento das instituições, economias, serviços e vida social – sem a COVID-19. A questão que se coloca é – isto será possivel? Ou os governos terão que refazer as suas estratégias e planos aceitando o novo normal e educar as suas populações a conviver com a situação vigente?
Fruto desta crise sanitária, foi posto em causa o desempenho de muitos governos e outros viram a sua reeleição em risco. O caso mais flagrante de perda de mandato, foi o de Donald Trump, que viu a sua reeleição comprometida por conta, em grande medida, da má gestão da crise sanitária no seu país. O caso não é para menos.
Mas, alto aí, não nos façamos de coitadinhos, nem tudo é azar. Esta crise sanitária pode ser uma oportunidade para os Estados se reinventarem e reverem os seus moldes de actuação e interação. A história universal mostra-nos que as maiores criações, realizações e conquistas da humanidade resultaram das grandes crises que o mundo viveu. Compete a cada um dos Estados retirar lições e gizar iniciativas inovadoras desta crise sanitária para o bem dos seus cidadãos.
Simão Pedro
Jurista&Analista