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Segunda, 12 Outubro 2020 14:39

Luther Rescova: Envenenado ou morto pela covid – 19?

Luther Rescova tombou no rescaldo de uma missão que lhe haviam confiado, chegado ao Uíge, o jovem governante surpreendeu – se com variadas armadilhas que o haviam instalado, tendo à face, uma turma de sobas que contra o qual arrotavam em viva voz, mas não foi apenas desta, o maior activista social da região tê – lo – à desafiado num tom de arrogância insana, facto esse que mereceu um homicídio frustrado contra o activista.

Porém, o destino tornou – se tão irónico, ao permitir que de forma tão prematura Rescova deixasse o mundo dos vivos, logo após a sua afronta à turma de sobas e ao jovem activista, passando a linguagem popular a atribuir a partida de Rescova directamente proporcional ao efeito de acções supersticiosas da região em que estava instalado, facto este que colocou os governantes tomados pelo medo de irem ao Uíge fazerem a vez do malogrado.

Ninguém mais entre eles quer ir governar o Uíge, dizem eles: “Vai lá tu, não, eu não quero morrer, vai você, não eu não irei lá, lá tem muito feitiço”. Porém, na verdade, não é a acção supersticiosa que terá tomado Rescova ao mundo dos que foram e nunca mais regressaram. Há variadas afirmações segundo as quais Rescova terá morrido envenenado, porém, somente a autópsia saiba acusar a real causa da morte imputada ao malogrado.

O menino da JMPLA morreu, calou – se a voz de um jovem que há muito vinha lutando para o bem da Pátria. Rescova, ainda rapazito, soube dos escombros dar luz à uma nova forma de fazer política em Angola. Não se deve negligenciar as razões que levaram Rescova à terra do exílio e do silêncio. Morreu um jovem, cujo futuro o esperava para variados desafios. Porém, sabe – se à cor da letra que, foi a covid – 19 que o terá transportado ao mundo subterrâneo, e calar a sua voz para sempre.

Rescova tinha muito para o amanhã, mas o amanhã foi infeliz ao receber de forma tenra a mensagem de sua partida eterna. O mundo chora porque Rescova calou – se para sempre. Foi – se o jovem da JMPLA, a força motriz da juventude do MPLA calou – se para sempre. Calou – se uma vida que muito daria para o bem desta Nação. Desde logo, os ouvidos dos dirigentes angolanos, fartos de negligência, ainda persistem em abrir as portas das escolas, embora haja tanta morte semeada pela covid – 19.

Muitos encaram o envio de Luther Rescova ao Uíge como um sentimento de raiva por parte de quem governa por variados sinais de boa governação que tenha demonstrado quando presente em Luanda, desde logo, a sua morte é interpretada como um sacrifício às oferendas satânicas, não se podendo relacionar apenas a doença que o terá levado ao outro lado do espaço.

Os angolanos não devem continuar entalados na surdez face ao ruído letal causado pelo efeito devastador da covid – 19. A covid – 19 mata, isso está provado. O mundo todo sabe disso, peso a negligência afecta aos nossos dirigentes.

Embora, uma boa franja social, prefere mais fazer da curiosidade sua forma válida de análise que da ciência, ainda assim, foi a covid – 19 que causou a morte do jovem Rescova. Peso as relevantes atribuições à um acto de feitiçaria contra a sua pessoa, razão mediante a qual, todos em uníssono, negam ir ao Uíge substituir Rescova, tendo transformado tal província na província dos maiores feiticeiros e bruxos da crosta angolana.

Mas ninguém deve ignorar o seguinte, independentemente das razões que levaram ao óbito prematuro Rescova, ainda assim, não se deve ignorar o efeito agoirento da covid – 19 (…). Desde logo, torna – se num acto despido de juízo abrir as escolas face ao escândalo sanitário imposto pela covid – 19 no meio angolano.

O Estado angolano deve sair do irracional ao racional, não deve fazer da aventura infeliz num formato de governar uma Nação, a abertura do ano lectivo, num momento tão delicado quanto esse, pressupõe simplesmente um acto irracional, imprudente e negligente.

A abertura do ano lectivo não irá dar salvar o número de indivíduos que se vão infectar e o número de indivíduos que irão morrer por se terem infectados com a covid – 19. Isso é uma guerra biocomercial, como era na época de guerra, muitas das vezes, o Estado era forçado à anular o ano lectivo, desde logo, o Estado angolano não deve pensar duas, três ou quatro vezes para tal, deve de imediato anular o ano lectivo. É imperativo anular o ano lectivo, a reabertura das escolas pressupõe disseminação volátil da covid – 19.

A pandemia da covid – 19 é uma doença em processo de perspicaz propagação, não se fundamenta, no entanto, que o Estado tenha de tratar dessa patologia com excessiva incúria ao ponto de quer fazer a abertura do ano académico num momento em que a expansão da doença corre à uma velocidade sinistro. A covid – 19 subentende uma guerra biocomercial cuja importância da sua ampliação transcende em muito a simples provisão de fundamentos para a sua proliferação. Não se pode pretender apresentar meros juízos, menos racionais, para atestar uma abertura de um ano lectivo que pode custar mais caro à sociedade angolana que tê – lo anulado.

O efeito biológico da pandemia no organismo humano é letal, e se dissemina com tanta rapidez, que os estudantes podem facilmente infectar – se e levar à doença às famílias, dando início à um ciclo vicioso que estará muito longe de ter um fim. Abrir o ano lectivo nessa altura pressupõe exagerada sandice por parte de quem governa, falta de inteligência para analisar o actual drama sanitário que o mundo vive. A abertura do ano lectivo dará lugar à um colapso inevitável do sistema sanitário, não há ninguém que saberá pôr um travão nisso.

João Lourenço deve saber que as sequelas secundárias à abertura do ano lectivo serão a alta taxa de morbimortalidade por covid – 19, graças a excessiva negligência por parte dos Donos Disto Tudo, que na tentativa de salvar os seus negócios de colégios e universidades (que encontram – se às portas da falência) escolheram sacrificar a vida da sociedade angolana, abrindo o ano lectivo, e dando lugar à um clima desastroso que alude um rápido crescimento da pandemia no nosso meio.

Um presidente poder aspirar ser um líder representante de todos os angolanos, se os seus exemplos de governação (no âmbito do seu sistema político e das suas decisões políticas) projectarem sinais positivos que consigam colher o consenso dos angolanos de Cabinda ao Cunene e do mar ao leste. Liderar não significa levar a vida inteira à perseguir os eduardistas e a exonerar, isso não é liderar é apenas um “charme de abuso de poder”, liderar não significa levar a vida inteira a perseguir o clã de Eduardo dos Santos (Zeno dos Santos e Isabel dos Santos), isso não chama – se liderança, chama – se caça – as – bruxas, lider não significa levar a vida inteira contrager ou exercer um domínio coercivo contra o aparelho do Estado e o povo, liderar implica apresentar premissas adequadas e consistentes que convençam os liderados e lhes ofereçam contrapartidas.

Liderar implica apresentar planos, programas, e projectos coerentes que tenham capacidade de dar solução à crise económica e a todos os demais problemas vigentes no momento. Coisa essa, que JLO está longe de ter às suas mãos. Essa capacidade que encontra – se longe dos atributos políticos de João Lourenço chama – se soft power (do inglê: poder suave). Não é isto que sucede com JLO, cuja imagem da sua governação é das piores que os angolanos vivem, desde os tempos da governação de Neto e de Eduardo dos Santos.

João Lourenço confina uma liderança despótica, feita pela imposição da força sem ouvir a maioria, nem sequer a minoria, um mau hábito de “sou eu quem manda nisto tudo”, olhando para o actual quadro de crise sanitária com bastante displicência, impondo bastante altivez nas suas vontades particulares, mas não se deve esquecer pelo seguinte: seu governo cairá feito uma águia ferida por uma flecha, cuja perda do seu ritmo será brusco e inevitável, o centro da gravidade o atrairá rapidamente à falência fatal.

O futuro lhe reserva um estado de sorte completamente ausente, com o povo angolano totalmente revoltado com o líder natural do Congo Kinshasa que colocou – se à governar angola, sem ter capacidade nenhuma para solucionar os problemas, aliás, em vez de solucionar os problemas, somente soube aumentar mais problemas sobre os problemas, tendo se transformado num exonerador implacável e no pai dos problemas, sem capacidade nenhuma para dar soluções à dimensão de problemas que se foram produzindo no País. Lourenço apenas agravou tudo quanto recebeu em 2017, não terá resolvido absolutamente nenhum problema de natureza nacional, aliás, somente agravou absolutamente tudo.

Seu governo no futuro deparar – se – à com a incapacidade para recuperar a credibilidade política na face de Angola, sua governação enfrentará uma catástrofe económica nunca assistida. JLO é um líder injusto, prepotente e excessivamente oportunista, que faz da sua acção de governar numa barbaridade descomunal, não se percebe como é possível abrir o ano lectivo num dos momentos mais precários que o País vive, só ele e os seus sabem fundamentar as razões e darão soluções miraculosas aos efeitos colaterais das decisões excessivamente irracionais por eles tomadas, como diz o adágio espanhol “Quien a hiero mata, a hiero muere”. Desde logo, ninguém irá ao outro lado, sem pagar as contas.

Por João Henrique Hungulo

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