A Fundação Tara Océan, uma organização científica francesa que se empenha na preservação do oceano, está, por Luanda a realizar a terceira fase da sua expedição científica, um estudo da costa da África Ocidental.
Durante esta última etapa, o veleiro prossegue uma missão de pesquisa em 7 países, nomeadamente África do Sul, Namíbia, Angola, República Democrática do Congo, República do Congo, Gâmbia e Senegal.
Após uma primeira escala na Cidade do Cabo, o navio laboratório Tara deixou a África do Sul para realizar um estudo sobre a corrente de Benguela que se move pelas costas da Namíbia e de Angola.
A fundação refere que estas águas, provenientes do Oceano Índico, dividem-se em múltiplos redemoinhos que se estendem até ao Brasil e têm assim uma influência considerável em todo o Oceano Atlântico Sul.
Durante a sua escala em Luanda, Angola, a tripulação científica e marítima organizou visitas guiadas a bordo do veleiro para mostrar às escolas e ao público em geral o funcionamento deste laboratório flutuante.
Igualmente, a Fundação Tara Océan organizou, com associações angolanas (EcoAngola, Kitabanga Organization, Otchiva, Química Verde) um Dia do Oceano para promover acções de sensibilização sobre a preservação do planeta e do oceano.
A Missão Microbiomas
Durante quase dois anos, o navio laboratório Tara percorreu 70.000 quilómetros através do Atlântico Sul, ao longo das costas da América do Sul e de África, até à Antárctica.
"Durante a primeira etapa da expedição, a equipa científica estudou as águas chilenas, brasileiras e argentinas. O veleiro Tara empreendeu então uma missão no Mar de Weddell, na Antárctica. Concebida e desenvolvida pela Fundação Tara Océan, em colaboração com o programa internacional AtlantECO e parceiros científicos incluindo a Universidade da Cidade do Cabo, a Universidade de Pretória e o CSIR, esta missão envolve 42 centros de investigação em todo o mundo para estudar o microbioma oceânico e as suas interacções com o clima e a poluição", esclareceu a Fundação.
Segundo ainda a Fundação, os microrganismos marinhos desempenham um papel essencial no Oceano, sendo responsáveis por mais de dois terços da biomassa marinha, e, são a primeira ligação de uma imensa cadeia alimentar que fornece nutrientes a uma grande parte da humanidade.
Estes organismos marinhos são igualmente considerados verdadeiras fábricas de serviços ecológicos e económicos, capturando 25% das emissões de carbono geradas pelas actividades humanas, regulam a temperatura da Terra e desempenham um papel essencial na alimentação dos ecossistemas. "Esta engrenagem essencial na grande máquina climática, o funcionamento deste mundo invisível, é ainda largamente desconhecida".
Para além da missão científica da Fundação Tara Océan, a tripulação científica e os marinheiros participam em actividades de divulgação em cada ponto de escala do veleiro. Estes momentos em terra são uma oportunidade para dar a conhecer ao público em geral, as crianças em idade escolar, a comunidade científica e os decisores políticos os resultados das pesquisas efectuadas, a fim de debater sobre os riscos da poluição e os desafios que o Oceano enfrenta.
Conforme o Programa, a escala em Luanda decorreu de 22 a 26 de Junho, ficando o veleiro a cais no clube náutico da Ilha de Luanda.
Nesta ocasião, a Fundação Tara Océan, a Embaixada de França em Angola e a Aliança Francesa de Luanda, tiveram a responsabilidade de organizar de 23 a 25 de Junho várias actividades de sensibilização e visitas públicas em colaboração com instituições locais (Museu Nacional de História Natural, INIPM, Universidade Agostinho Neto, Universidade do Namibe) e associações locais (EcoAngola, Projecto Kitabanga, Otchiva, Química Verde).
Projecção-Debate: Compreender e proteger os oceanos e a sua biodiversidade
O objectivo do debate foi, de certo modo compreender de maneira científica os impactos da poluição plástica sobre os ecossistemas oceânicos com aqueles que estão comprometidos com o Oceano diariamente (cientistas, associações, marinheiros, activistas, start-ups…), e propor soluções concretas para proteger os oceanos e a sua biodiversidade.
Durante o cumprimento do programa, foram realizadas visitas de descoberta do veleiro, seguidas de workshops educacionais, tendo sido também oferecidos a turmas de alunos do Liceu francês Alioune Blondin Beye e outras escolas em Luanda, a fim de introduzir os mais jovens no funcionamento de uma missão científica e de os sensibilizar para a conservação dos oceanos e da biodiversidade.
Uma recepção de acolhimento, seguida de duas visitas institucionais, foi também oferecida às autoridades angolanas pela Embaixada de França em Angola, em presença de S.E. o Embaixador de França em Angola, Daniel Vosgien, da equipa de Tara Océan, de representantes da Embaixada de França em Angola, da Aliança Francesa de Luanda e dos parceiros do projecto.
Entretanto, neste sábado, 25 de Junho, no "Fórum Oceano" foi o dia reservado para encontros abertos ao público com a Fundação Tara Océan e associações angolanas, sobre o tema do oceano e a protecção da biodiversidade marinha.
Constaram ainda visita a bordo do navio, workshops com associações, animações científicas, exposição e projecção de vídeos, concerto, bem como encontros com a tripulação, cientistas e peritos sobre o oceano, tiveram lugar, discussões com os marinheiros para explicar a história do barco e o seu funcionamento, Workshops para descobrir o mundo invisível do oceano: o microbioma oceânico, Workshops para descobrir a fonte da poluição plástica no oceano, entre outros.
De salientar que, a Fundação Tara Océan é a primeira fundação de utilidade pública dedicada ao oceano em França e tem duas missões principais, designadamente explorar o oceano a fim de o compreender melhor e partilhar o conhecimento científico sobre o oceano a fim de criar uma consciência colectiva e cívica.
Há sensivelmente 18 anos, a Fundação desenvolve ciência oceânica de alto nível, em colaboração com excelentes laboratórios internacionais de investigação, para explorar, compreender e antecipar as convulsões ligadas aos riscos climáticos e ambientais, bem como os impactos de vários tipos de poluição.
Para tornar o Oceano uma responsabilidade comum e preservá-lo, a Fundação Tara Océan esforça-se também por sensibilizar o maior número possível de pessoas para a ciência dos oceanos e por educar as gerações mais jovens.
"Estudar e proteger o oceano significa tomar conta do sistema global do nosso planeta".