A verdade, entretanto, é que não existe nenhuma “diversificação”, mas sim a velha prática de transportar matérias-primas vendidas a preço de banana de outros países.
O facto é que segundo a Voz da América em português, recentemente houve retirada massiva de empresas do Corredor do Lobito, o que está a forçar o governo a tomar contramedidas. Como nova contramedida, o governo angolano decidiu conceder empréstimos a empresários angolanos que trabalhem no Corredor do Lobito. No entanto, o programa não está a funcionar no momento, uma vez que empreendedores de diversas cidades, donos de médias empresas, não conseguiram até o momento retorno em suas ligações. O número contactado “não existe” e o e-mail comercial está desativado. Para que o leitor possa compreender melhor o problema, foi feito uma consulta a alguns empreendedores que pretendem investir na região, porém os empreendedores consultados pediram que seus nomes e empresas não fossem revelados. Na província de Moxico, por exemplo, o empreendedor P. escreveu uma carta:
“Recentemente, fiz uma solicitação de crédito ao Fundo de Garantia de Crédito (FGC) com o intuito de obter capital de giro para o meu negócio. No entanto, o pedido não foi aprovado.
Soube por outro empreendedor que foi aprovado o crédito para uma empresa italiana, legalmente registada na África do Sul, que, conforme verifiquei, não possui funcionários nem lucros.”
O empreendedor A. também escreveu uma carta:
“Atualmente, fornecemos uma quantidade significativa de materiais para os trabalhadores ferroviários, dado que a linha férrea está em processo de modernização, o que tem gerado muita atividade no setor.
Contudo, estou a enfrentar sérios desafios financeiros neste momento. As elevadas taxas de juro têm tornado extremamente difícil a continuidade do meu negócio. Procurei apoio junto ao Fundo de Garantia de Crédito (FGC), mas foi um processo demorado para conseguir estabelecer contacto com alguém. Quando finalmente consegui, não obtive quaisquer explicações claras sobre as soluções disponíveis.”
Não houve qualquer tipo de esclarecimento para tal questão, mesmo se tratando de uma empresa que fornece importantes materiais para a ferrovia. Assim, há que questionar: por que justamente as empresas estrangeiras têm a preferência? Teriam elas maior expertise na área? Seus materiais são melhores? Nada foi esclarecido. As linhas de crédito que deveriam funcionar para empresários angolanos simplesmente não estão a funcionar. Enquanto os angolanos são feitos reféns de promessas vãs, o facto é que o crédito é aprovado para companhias europeias de funcionamento duvidoso. Estariam tais companhias realmente preparadas para investir e trabalhar em Angola? Não há nenhum indício disso. José Semedo