Sexta, 04 de Julho de 2025
Follow Us

Quinta, 03 Julho 2025 15:48

Venda de moeda estrangeira afunda 92% desde 2019

As casas de câmbio que actuam no sistema financeiro nacional continuam a perder espaço no mercado cambial que tem sido dominado pelos bancos comerciais e pelo mercado informal.

Entre 2019 e 2024 registou-se uma redução de 93% nas operações de venda de moeda estrangeira a clientes nas casas de câmbio, ao passar de 46,8 milhões USD para 3,5 milhões USD, uma consequência da redução do volume de compras aos bancos comerciais, de acordo com cálculos do Expansão com base em dados do Banco Nacional de Angola (BNA).

No período em análise, o volume de compras de moeda estrangeira pelas casas de câmbio a clientes e a bancos caiu 96%, ao passar de 97,1 milhões USD para apenas 3,8 milhões USD no ano passado.

Numa ronda do Expansão pela cidade de Luanda a oito casas de câmbio, fica perceptível que todas têm em comum o facto de estarem vazias, sem pessoas a entrar para negociar divisas. Apenas duas demonstraram ter disponibilidade para comprar, vender e enviar divisas para o estrangeiro, mas apenas em euros. Destas duas, uma alegou ter disponibilidade para venda em outro dos seus estabelecimentos enquanto a outra garantiu que teria no dia seguinte.

Quanto às outras seis, os funcionários revelaram não ter divisas para comercializar, e estariam disponíveis apenas para comprar moeda estrangeira. Alguns funcionários admitiram que muitas vezes estão várias semanas sem realizar qualquer operação. Aliás, várias delas não conseguiam indicar a taxa de câmbio do dia.O arrefecimento das operações das casas de câmbio não é novo, tratando-se de um cenário que começou a agravar-se desde a crise de 2014 e complicou-se ainda mais em 2018, quando estas entidades ficaram impedidas de aceder aos leilões de divisas do BNA.

Nesse ano, ficaram vários meses num "limbo" em que não tinham acesso a divisas através do banco central, até que o BNA fez sair um instrutivo onde orientava o acesso destas instituições a divisas compradas directamente à banca. Assim, de lá para cá, o mercado continua a assistir ao encerramento de casas de câmbio por exceder o tempo de inactividade permitida por lei entre outros motivos.

Desde 2017, o BNA já encerrou 99 casas de câmbio em todo o País. Em 2017 operavam 121 instituições licenciadas. Hoje, depois de uma "longa travessia no deserto" de uma economia com sucessivas crises e escassez de divisas, restam apenas 22 e uma delas tem a licença actualmente suspensa. "As restrições no acesso a divisas, ausência de negócio, limitações legais na movimentação do sector relativamente à captação de divisas, má distribuição das divisas disponíveis e o excesso de poder da banca comercial nas decisões sobre as divisas captadas para o normal funcionamento do sector cambial", são apontadas como as principais causas do actual estado das casas de câmbio no País, de acordo com o presidente da Associação das Casas de Câmbio, Hamilton Macedo.

2024 foi melhor que 2023

De acordo com o relatório e contas do BNA, em 2024 as casas de câmbio inverteram a tendência e apresentaram um ligeiro crescimento em relação a 2023.

O volume de vendas cresceu 22% de 2,9 para 3,5 milhões USD em termos homólogos. Já o volume de compras efectuado pelas casas de câmbio registou um montante equivalente a 3,8 milhões USD, um crescimento de 12% em relação a 2023 (ver gráfico).

Quanto ao activo global das casas de câmbio, reduziu 19% face ao período homólogo, fixando-se em 3,5 mil milhões Kz, o que representa -850,5 milhões Kz. Não obstante a redução da actividade, as casas de câmbio mantiveram a tendência crescente no volume da rentabilidade, tendo apresentado, no final de 2024, resultados positivos de 89,4 milhões Kz, face aos 38,5 milhões Kz do período homólogo.

Rate this item
(0 votes)