No final de agosto, a polícia usou gás lacrimogêneo e jatos de água para dispersar manifestantes de um protesto organizado por partidos da oposição para reivindicar reformas eleitorais.
Apesar de um tribunal ter autorizado a manifestação, os agentes dispersaram os participantes, que depois responderam arremessando pedras, queimando pneus e levantando barricadas.
"(Nossos tribunais e juízes) não podem ser negligentes em suas decisões quando os pedidos são feitos por pessoas que querem se manifestar", opinou Mugabe, citado pelo portal "New Zimbabwe".
O líder responsabilizou os manifestantes pelos distúrbios e os classificou como "grupos violentos" que querem iniciar protestos ao estilo da Primavera Árabe.
Nas palavras do presidente zimbabuano, a única intenção dos manifestantes é "causar violência", por isso as autorizações judiciais que permitem este tipo de concentrações são "imprudentes". A oposição considerou que, com essas declarações, Mugabe está tenta "intimidar" o Poder Judiciário.
Mugabe comparou as manifestações contra o seu regime às revoluções árabes que, em 2011, afastaram do poder vários chefes de Estado, mas avisou que, no caso do Zimbabué, serão "inúteis".
"Essas manifestações são inúteis, já que, na maior parte das vezes, terminam em violência", frisou Mugabe. "Para quem foram os votos? Esqueceram-se da democracia?", questionou. "Qual é o interesse de ir para a rua com a intenção de mostrar que sabem lançar pedras?", inquiriu, dirigindo-se aos opositores.
A ONG Human Rights Watch (HRW) criticou diversas vezes a "brutal" repressão do governo contra os manifestantes e pediu aos países da região que atuem o mais rápido possível para freá-lo.
Mugabe está no poder desde 1987 e voltará a se candidatar nas eleições de 2018, mas nos últimos meses teve que multiplicar esforços para evitar as tensões dentro de seu partido, a União Nacional Africana do Zimbábue-Frente Patriótica (Zanu-PF).
A difícil situação econômica e a corrupção endêmica que sofre o país começaram a criar divisões dentro do Zanu-PF, onde já há facções que apoiam diferentes candidatos para substituir Mugabe.
EFE