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Sexta, 04 Março 2016 20:44

Lula diz que "não deve nem teme"

O ex-presidente brasileiro Lula da Silva disse esta sexta-feira que "não deve nem teme" e falou num "show mediático" a propósito de ter sido obrigado a depor esta sexta-feira no âmbito da Operação Lava Jato.

"Se o juiz Moro ou o Ministério Público quisesse me ouvir era só mandar um ofício que eu ia como sempre fui prestar esclarecimento, porque não devo e não temo", referiu.

Num discurso na sede do Partido dos Trabalhadores em São Paulo depois de ter prestado declarações à Polícia Federal do Brasil no Aeroporto de Congonhas, na cidade paulista, Lula da Silva disse que se sentiu "prisioneiro hoje de manhã", depois de ter sido levado de casa para depor.

"Antes dele, já fazíamos a coisa correta nesse país. Já lutávamos para fazer a coisa certa nesse país. Lamentavelmente preferiam usar a prepotência, a arrogância, o show de pirotecnia. É lamentável que uma parte do Judiciário esteja a trabalhar com a imprensa", disse.

O ex-presidente disse sentir-se "ultrajado", "ofendido" e "nitidamente magoado", considerando que "merecia um pouco mais de respeito neste país" e não poupando criticas também a alguns meios de comunicação social.

Lula da Silva apresentou-se como vítima de uma "julgamento precipitado" na praça pública e "indignado com o comportamento de determinados meios de comunicação", lamentando ainda a postura de "uma parcela do poder judicial brasileiro".

"O que aconteceu hoje era o que precisava de acontecer para o PT (Partido dos Trabalhadores, de que foi secretário-geral) levantar a cabeça", referiu, em tom de comício, acrescentando que ninguém quer que Dilma Rousseff, a atual Presidente do país, eleita pelo seu partido, "governe".

"Há muito tempo que todo o santo dia alguém faz o PT sangrar. É preciso recomeçar. Vamos recomeçar de novo", frisou, acrescentando que não sabe se irá ser candidato às presidenciais de 2018.

O antigo chefe de Estado continuou: "Fui melhor do que eles que governaram o país. Eu provei que o povo humilde deste país pode andar de cabeça erguida".

Para o antigo Presidente, "hoje neste país, ser amigo do Lula parece que virou uma coisa perigosa. É preciso criminalizar o PT, criminalizar o Lula, porque esses caras podem querer continuar no governo".

"Não há outra coisa para incomodá-los a não termos trabalhado durante todo esses anos" e que "pessoas do andar de baixo subissem um degrau", opinou.

A respeito das suas palestras, Lula criticou quem o acusa de ter esse tipo de trabalho como fonte de rendimento, afirmando que Bill Clinton faz o mesmo e cobra muito mais.

Lula também atacou a denúncia de que o armazenamento em São Bernardo do Campo do seu acervo na presidência tenha sido pago pela empreiteira OAS, lembrando que esses produtos são de domínio público.

Sem responder a nenhuma pergunta, Lula citou o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá: "Eu uso o sítio dos amigos porque os inimigos não me emprestam. Se me emprestarem o triplex de Paraty, eu uso. O que acontece é que todo mundo pode, menos essa merda desse metalúrgico".=

Lula da Silva foi ouvido hoje no âmbito da investigação pela Operação Lava Jato, que apura a suposta obtenção de favores, doações e o pagamento de serviços de palestras que somam 7,2 milhões de euros (30 milhões de reais), alegadamente pagos por seis empresas ligadas ao escândalo de corrupção na petrolífera Petrobras entre 2011 e 2014.

Além das doações e pagamentos às empresas de Lula, os promotores estão a investigar se reformas em imóveis usados pelo político, uma quinta na cidade de Atibaia e um tríplex na cidade do Guarujá, foram realizadas como favores por vantagens ilícitas.

Segundo uma nota divulgada hoje de manhã pelo Ministério Público, há evidências de que o ex-presidente recebeu, em 2014, pelo menos um milhão de reais sem aparente justificação económica lícita da OAS, através de obras no apartamento em Guarujá.

O Ministério Público brasileiro destaca o facto de o ex-Presidente Lula, ter adquirido em 2010 duas propriedades em Atibaia mediante interpostas pessoas, pelo valor de 1,5 milhões de reais.

JN

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