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Quinta, 17 Setembro 2015 14:42

Renamo ameaça vingar-se de ataque contra comitiva da oposição

A Renamo, principal partido de oposição em Moçambique, ameaçou hoje vingar-se do ataque de sábado contra a comitiva do seu líder, Afonso Dhlakama, acusando o chefe de Estado, Filipe Nyusi, de ter dado ordens para um alegado atentado.

"A Renamo [Resistência Nacional Moçambicana] vai usar tudo o que estiver ao seu alcance para se vingar da tentativa direta para assassinar a pessoa mais querida dos moçambicanos e que dedicou a sua vida para devolver a dignidade ao povo moçambicano. O povo vai reagir para repor a justiça", afirmou hoje, em conferência de imprensa, o secretário-geral da Renamo, Manuel Bissopo, sobre o ataque de sábado, na província de Manica, centro de Moçambique.

Questionado se a Renamo irá recorrer à força para responder ao suposto atentado contra o seu líder, o secretário-geral do principal partido de oposição assinalou que é do domínio público que o partido tem armas, mas frisou que "a reação será à medida dos ataques das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas".

Este posicionamento, enfatizou Bissopo, "não é uma declaração de guerra, mas que fique claro que a Renamo irá reagir política e sabiamente".

Manuel Bissopo acusou diretamente o chefe de Estado moçambicano de ter dado ordens para assassinar Afonso Dhlakama, imputando ao ministro da Defesa, Salvador Mtumuke, e ao Chefe do Estado-Maior General, Graça Chongo, conivência no suposto plano.

"A Renamo acredita que o general [Eugénio] Mussa [comandante do ramo do Exército das Forças Armadas de Defesa de Moçambique], natural de Nampula, em frente da operação que visava matar o líder da Renamo, tenha recebido ordens diretas de Filipe Jacinto Nyusi. Acreditamos que o ministro da Defesa e o chefe do Estado-Maior General sejam coniventes", acusou Bissopo.

"Uma vez que as autoridades têm estado a desmentir a autoria do atentado, exigimos que haja uma investigação séria e imparcial e que haja responsabilização do chefe do Estado-Maior General, bem como do comandante do Exército", declarou o secretário-geral da Renamo.

O principal partido de oposição acusou o comandante do ramo do Exército de ter executado o plano da alegada tentativa de assassínio de Afonso Dhlakama, supostamente cumprindo orientações superiores que levava de Maputo.

"Para o efeito, um grupo de Polícias da República de Moçambique juntou-se a 20 militares alinhados pelo general Mussá. Os 20 militares pertencentes às Forças Armadas de Defesa de Moçambique são todos provenientes do lado das ex-Forças Populares de Libertação de Moçambique, braço armado da Frelimo", acusou Manuel Bissopo.

O secretário-geral disse que 12 membros das Forças de Defesa e Segurança moçambicanas foram mortos e cinco ficaram feridos durante a perseguição movida aos atacantes pela guarda de Afonso Dhlakama, remetendo para o Governo provas desta alegação.

Bissopo acrescentou que três membros do braço armado da Renamo ficaram feridos, um, vítima de bala, e dois, quando saltaram das viaturas em que seguiam, referindo que o partido cuidou da sua saúde sem necessidade de levá-los para o hospital.

A Polícia moçambicana e a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder, já rejeitaram qualquer envolvimento no ataque e a força política no poder descreveu-o como "uma simulação".

Em relação às provas das baixas dos atacantes e à divulgação das imagens que o partido recolheu no local, mais uma vez Manuel Bissopo remeteu explicações para o Governo.

O ataque, testemunhado pela Lusa no local, aconteceu em Chibata, junto do rio Boamalanga, quando a comitiva de Dhlakama regressava de um comício em Macossa e se encaminhava para Chimoio, capital de Manica.

A guarda da Renamo respondeu aos tiros e entrou no mato em perseguição dos atacantes, que jornalistas, militares da Renamo e o próprio Dhlakama no local identificaram como elementos da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) das forças de defesa e segurança moçambicanas.

Mais tarde, Dhlakama atribuiu à Frelimo a "emboscada planificada" de que foi alvo, afirmando que, para ele, é "como se não tivesse acontecido nada".

Moçambique vive momentos de incerteza política, com o líder da Renamo a não reconhecer os resultados das últimas eleições gerais e a exigir a governação nas províncias onde reclama vitória, sob ameaça de tomar o poder pela força.

Lusa

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