O ultimato consta de uma carta endereçada terça-feira à noite a Barroso pelo embaixador russo na União Europeia, Vladimir Chisov, e citada pela agência de notícias russa Itar-Tass.
“Ao longo dos últimos dias, alguns órgãos de informação, incluindo o jornal italiano La Republica, têm publicado comentários acerca da sua conversa com o Presidente Putin sexta-feira, 29 de agosto”, lê-se na carta.
"Tiradas do contexto"
“As reportagens dizem que, alegadamente, V.Ex.ª partilhou o conteúdo da conversa com alguns dos seus colegas da União Europeia, em particular, atribuindo ao presidente russo palavras que foram claramente tiradas do seu contexto”.
“Estou convencido de que a revelação de conversas confidenciais a este nível está muito para além dos limites da prática diplomática geralmente aceite”, escreve Chisov, “sei que a presidência russa tem em seu poder a transcrição e a gravação áudio da referida conversa telefónica e, para dissipar quaisquer mal-entendidos, está pronta a tornar público o conteúdo das mesmas, no caso de V. Exª não expressar objeções nos próximos dois dias”.
Comissão Europeia quer resolver a questão diplomaticamente
Reagindo à carta do embaixador russo, o serviço de imprensa da Comissão Europeia disse à Itar-Tass que a Comissão prefere não resolver o assunto na praça pública, mas sim através das vias diplomáticas.
Segundo o serviço de imprensa da Comissão Europeia, "trata-se de uma questão diplomática de grande envergadura e estão a ser dados passos para resolver a questão através dos canais diplomáticos e não através dos órgãos de informação”.
O serviço de imprensa da Comissão Europeia acrescentou que tudo o que tinha a dizer sobre o telefonema da última sexta-feira estava publicado no comunicado que foi emitido após a conversa entre Putin e Barroso.
Porta-voz de Putin diz que divulgação foi "incorreta" e indigna"
Horas antes de o embaixador russo ter enviado a carta a Durão Barroso, a alegada indiscrição do presidente da Comissão Europeia já tinha merecido condenação por parte do assessor presidencial de Vladimir Putin.
Yuri Ushakov disse que o comentário acerca de “tomar Kiev em duas semanas” tinha sido tirado de contexto e tinha originalmente um sentido diferente.
Ushakov acrescentou que a divulgação de detalhes da conversa pelo presidente da Comissão Europeia tinha sido “incorreta e ia para além dos limites da prática diplomática”.
“Se isso aconteceu realmente, sou de opinião que é indigno de uma figura política séria”, acrescentou o assessor do presidente russo.
LUSA