Muitas coisas aconteceram e foram ditas após a partida dos colonos portugueses. Entre estes, é necessário citar as mentiras, o acerto de contas, os assassinatos, a barbárie, a corrupção, o nepotismo ...
Mesmo que o tempo tenha curado parcialmente as feridas, chegou o momento para o MPLA de tomar a iniciativa de pedir perdão oficialmente ao povo angolano. Depende de sua sobrevivência política. Antes tarde do que nunca, diz um ditado.
O MPLA deve tirar proveito do contexto atual com revelações arrasadoras sobre seu passado para fazer sua meã culpa e pedir desculpas. A oportunidade é boa demais para não perder. Essa abordagem tem o mérito de ter dois objetivos: o reconhecimento dos erros cometidos no passado e a consagração da verdadeira reconciliação nacional.
O partido no poder tem o dever de se dar uma imagem moderna, se quiser pôr um fim às divisões que a roem dentro dela.
Atualmente, está claro que o pote está pegando fogo e pode explodir a qualquer momento. Diante dessa possibilidade, é essencial uma reação rápida da liderança do MPLA. Para o povo, a reconciliação nacional só fará sentido quando o partido de camaradas tiver dado esse passo. Ganharia credibilidade.
O perdão só pode ser concedido a alguém que reconheça seus erros ou falhas. Com a miséria legada pela direção do DOS Santos, o gesto seria uma forma de humanidade e solidariedade para com os angolanos que se encontram em precariedade, bem como um raio de esperança para a prosperidade do país.
O povo angolano sofreu tanto que precisa de ações concretas para acreditar que está rompendo com o passado, o discurso político não é suficiente.
A verdadeira reconciliação nacional ajudaria a facilitar a aceitação das reformas estruturais de que o país precisa para ter sucesso em seu desenvolvimento e de uma mudança de paradigma, caro ao Presidente João Lourenço.
Pody MINGIEDI - Politólogo
Observatório e Análises da política angolana
Genebra, Suíça