De acordo com uma análise recente do gabinete de estudos do BPI, citando informações do Ministério das Finanças de Julho, Luanda já angariou cerca de 11,5 mil milhões de dólares desde Novembro do ano passado. Isso, por sua vez, irá pesar na dívida do país, que tem vindo a crescer. Este ano, de acordo com o Orçamento do Estado rectificativo que será votado na sexta-feira, o défice será de 5,9% do PIB (acima dos 5.5% previstos até aqui), devido ao esforço de despesa pública.
A crise tem também afectado de forma profunda o país ao nível da obtenção de divisas, provocando sérias dificuldades nas importações e na capacidade de efectuar pagamentos (atingindo as empresas portuguesas e os seus trabalhadores).
Além disso, com a desvalorização da moeda local, o kwanza, a inflação voltou para níveis muito elevados (afectando o poder de compra de muitos angolanos). Se até aqui a previsão da inflação para este ano era de 11 a 13%, agora o documento do Governo aponta para quase 40% (38,5%). Quanto ao crescimento da economia, este foi revisto em baixa para 1,1% (contra a estimativa anterior de 3,3%). De acordo com o semanário angolano Expansão, é preciso recuar a 1994 para encontrar uma taxa de crescimento tão baixa.
As informações disponibilizadas pelo Ministério das Finanças mostram que, no sector não petrolífero, as apostas são a agricultura e energia, com o rectificativo a revelar que haverá um recuo na indústria transformadora (-3,9%), quando se esperava um crescimento de 3,1%.