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Quinta, 09 Junho 2016 16:36

Sonangol quer baixar barril de crude de 14 para menos de 10 dólares

Cada barril de petróleo produzido em Angola tem um custo de produção de 14 dólares, a Isabel dos Santos, quer reduzir para "oito a dez dólares".

A Sonangol quer baixar o preço de produção do barril de 14 dólares para um valor entre os oito e os 10 dólares. As petrolíferas internacionais estão disponíveis para ajudar neste processo de redução de custos.

Cada barril de crude produzido em Angola custa actualmente em média 14 dólares, valor que a nova administração da concessionária estatal Sonangol, liderada por Isabel dos Santos, quer reduzir para "oito a dez dólares".

A posição foi transmitida quinta-feira, 9 de Junho, pelo presidente da comissão executiva da Sonangol, Paulino Jerónimo, questionado pela agência Lusa no final de uma reunião na sede da empresa com as administrações das petrolíferas internacionais que operam em Angola. Estas disponibilizaram-se para participar no processo de redução de custos, no âmbito da reestruturação e ganhos de eficiência anunciados por Isabel dos Santos para a concessionária estatal.

"Tendo em conta todos os operadores, o nosso custo em média [por barril] é de 14 dólares e dito isso devem compreender que precisamos de fazer um esforço maior em termos de redução. [O valor desejado pela Sonangol é] Oito a dez dólares", disse ainda o administrador executivo da petrolífera estatal no final de uma reunião em que participou igualmente a presidente do conselho de administração, Isabel dos Santos, também empossada nas funções na segunda-feira.

Angola é o segundo maior produtor de petróleo da África subsaariana, com cerca de 1,7 milhões de barris de crude produzidos diariamente no 'onshore' e ‘offshore'. Contudo, o aumento da produção nos últimos meses contrasta com a quebra na cotação do barril de crude no mercado internacional, que caiu dos mais de 100 dólares em 2014 para menos de 30 no início deste ano, cifrando-se nos últimos dias acima dos 50.

Daí que, enfatizou o presidente da comissão executiva da Sonangol, a redução de custos seja  "muito importante", tendo em conta que, sem isso, "qualquer projecto em Angola, neste momento, não terá sucesso".

"Necessariamente, os custos de produção terão que ser reduzidos para permitir novos projectos", sustentou Paulino Jerónimo, afastando "de princípio" a necessidade de revisão dos contratos de partilha de produção com as operadoras.  "Primámos pelo princípio da estabilidade", apontou.

A reunião de quinta-feira entre a nova administração da Sonangol e as petrolíferas internacionais que operam em Angola serviu, explicou Paulino Jerónimo, para "dar a conhecer" os planos da concessionária para o sector petrolífero angolano.

"Os operadores são nossos parceiros e têm que, naturalmente, ter conhecimento do que se passa. O que se espera é que essa transformação seja feita sem afectar as operações normais", disse ainda.

 A petrolífera estatal de Angola apresentou uma queda de 34% na receita do ano passado, face a 2014, registando igualmente uma descida dos lucros na ordem dos 45%, atribuíveis principalmente à queda do preço do petróleo. A receita total da Sonangol em 2015 foi de 11,9 mil milhões de euros.

Na segunda-feira, depois de tomar posse como presidente do conselho de administração e administradora não executiva da Sonangol, a empresária e filha do chefe de Estado angolano, Isabel dos Santos, explicou que o modelo de reestruturação da Sonangol prevê a criação de uma holding operacional, outra de apoio e serviços logísticos e a função concessionária do sector petrolífero propriamente dito, para "aumentar a rentabilidade, a eficácia a transparência" da empresa.

Petrolíferas prontas para ajudar Sonangol a baixar custos de produção

As principais operadoras petrolíferas defendem a partilha da logística e rapidez nas decisões da concessionária estatal Sonangol para a redução de custos da produção de crude em Angola, que atualmente ronda os 14 dólares por barril.

A posição foi transmitida hoje, em Luanda, pelos administradores de petrolíferas como a BP, Chevron e Total, após uma reunião com o novo conselho de administração da concessionária estatal Sonangol, liderado desde segunda-feira por Isabel dos Santos, o qual pretende reduzir esses custos de produção para oito a dez dólares por barril, melhorando a eficiência do setor.

"A melhor maneira é concentrarmo-nos nas oportunidades, assegurar que os nossos contratos são eficientes e há potencial para partilhar logística entre os vários blocos. Mas o mais importante é a comunicação entre a indústria e a concessionária. E, juntos, podemos reduzir custos", disse, questionado pela Lusa, Darryl Willis, diretor-geral da BP Angola.

"Há muito petróleo e gás neste país e temos de o ajudar a desenvolver", enfatizou o responsável da petrolífera britânica, elogiando o compromisso de "eficiência, redução de custos e transparência", apresentado publicamente pela nova administração da Sonangol.

Darryl Willis garantiu que a BP "vai continuar em Angola" e considerou como "muito importantes" os compromissos de gestão assumidos pela administração de Isabel dos Santos, que esteve nesta reunião com as petrolíferas.

"Se tivesse que descrever Angola numa palavra essa palavra seria: potencial. De encontrar mais petróleo e gás, de desenvolver os campos mais pequenos e marginais e no futuro desenvolver gás natural. O futuro é risonho em Angola", garantiu.

Posição idêntica, de elogios à nova administração da Sonangol, foi assumida por John Baltz, diretor-geral para Angola da norte-americana Chevron, que opera os blocos 0 e 14, tendo apontado a necessidade de "trabalhar em conjunto com a concessionária" para "reduzir os custos" de produção.

Nomeadamente com "mais eficiência e rapidez" na tomada de decisões: "A nova administração da Sonangol mostrou-se disponível para ouvir as ideias das indústrias [petrolíferas], o que é positivo".

O responsável pela Chevron em Angola recordou que apesar da subida da cotação de crude no mercado internacional - já acima dos 50 dólares por barril - a procura mantém-se estável, pelo que "não se espera no curto prazo um grande aumento dos preços" para os produtores.

"Por isso, é mais importante ainda que a Sonangol tome as medidas que está a tomar", disse John Baltz, reconhecendo que Angola apresenta "muitas oportunidades", mas que em simultâneo necessita de uma "estrutura fiscal" que permita desenvolver novos campos de produção.

Jacques Azibert, diretor-geral da Total Angola, defendeu no final do encontro que a nova visão para a Sonangol "vem no tempo certo", tendo em conta a quebra nos preços do crude no mercado internacional, enfatizando igualmente a necessidade de reduzir custos de produção.

"Estamos a fazer esforços e a cortar, de forma pragmática e conscienciosa", admitiu.

Embora longe da cotação de 2014, mais do dobro, o responsável da petrolífera francesa em Angola admitiu que os mais de 50 dólares por barril atuais "estaremos bem".

"Sim, queremos participar e sentarmo-nos com a nova administração para encontrar uma solução win-win' [em que todos ganham]", disse ainda Jacques Azibert, reconhecendo a disponibilidade de Angola para "mudar" a forma de trabalho no setor e introduzir "novas ideias" para adaptar o modelo económico e custos ao atual momento.

"Esta estrutura vem no momento oportuno porque dificilmente voltaremos ao tempo do barril de petróleo a mais de 100 dólares", concluiu o responsável francês.

Eunice de Carvalho, administradora executiva da Sonangol, admitiu que a baixa do preço do crude levou vários operadores em Angola a "processo de restruturação", tal como a concessionária estatal terá de fazer.

"Com a intenção de redução de custos e melhoria de eficiências, tal como a Sonangol vai fazer. Nós apoiamos o esforço, no sentido de que é o benefício para o país e pretendemos nós também seguir um processo que vá ao encontro dos objetivos que já estão estabelecidos para a Sonangol", disse a responsável, ex-quadro da Chevron, nos últimos 10 anos.

© LUSA

 

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