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Sexta, 08 Abril 2016 13:56

Dinheiros dos angolanos controlam 30% do sistema bancário português

Os bancos controlados por investidores de Angola ou em que o capital angolano é preponderante representam uma quota de 30% da banca portuguesa, quer em termos de activos quer de passivos,

Tendo em conta os bancos portugueses com capital angolano, que são os 'grandes' BCP e BPI e os mais pequenos BIC e BIG, estes representam pouco mais de 30% dos activos totais detidos pela banca portuguesa.

Estas contas foram feitas a partir dos últimos balanços consolidados disponíveis no 'site' da Associação Portuguesa de Bancos (APB), segundo os quais em junho de 2015 o activo total do sistema bancário português (aplicações noutras instituições de crédito, instrumentos financeiros, como acções e obrigações, mas sobretudo crédito a clientes) ascendia a 400 mil milhões de euros.

O Millenium BCP, cujo principal accionista é a petrolífera angolana Sonangol com 17,84% do capital social, detinha 19,66% dos activos do sistema bancário português, enquanto o Banco BPI representava 10,35% do total.

A angolana Santoro, da empresária Isabel dos Santos, filha do presidente de Angola, é o segundo maior accionista do BPI, com 18,58% do capital social, seguido do espanhol Caixabank, com 44,10%. Contudo, como no BPI há limitação aos direitos de voto a 20%, na prática o capital angolano tem um poder muito semelhante ao espanhol, podendo vetar decisões, como aliás tem acontecido recentemente a propósito do Banco de Fomento de Angola (BFA).

Ainda com capital angolano estão presentes em Portugal o Banco BIC, também da empresária Isabel dos Santos e do banqueiro luso-angolano Fernando Teles, e o banco BIG, em que a empresa World Wide Capital, do general angolano Hélder Vieira Dias 'Kopelipa', é a quarta maior accionista com 9,93%.

Estes bancos representam uma parte pequena dos activos do sistema bancário português, com o BIC a deter 1,59% do total, isto tendo em conta o seu balanço individual, e o BIC com activos equivalentes a apenas 0,40%.

Já olhando para o lado do passivo bancário - isto é, as responsabilidades que os bancos têm com terceiros, de que se destacam os depósitos dos clientes - as conclusões a que se chegam são muito semelhantes às retiradas da análise dos activos, com os bancos controlados por capital angolano a representarem cerca de 30% do total dos passivos do sistema bancário português.

Fazendo novamente cálculos a partir dos dados da APB, o BCP representa novamente 19,66% do total do passivo e o BPI 10,44%. Já o BIC detém cerca de 1,6% e o BIG 0,37% do passivo total.

Da análise destes dados conclui-se, assim, da importância dos investidores angolanos na banca portuguesa, que, aliás, pode estar em transformação, tendo em conta variantes relacionadas com o negócio em si, mas também com a evolução económica de Angola, que esta semana pediu ajuda ao Fundo Monetário Internacional (FMI).

No BPI decorrem negociações entre os dois principais accionistas - Caixabank e Santoro - relativamente à operação do banco em Angola, onde detém a maioria do capital do Banco de Fomento Angola.

Uma vez que o Banco Central Europeu (BCE) obriga a reduzir a exposição dos bancos europeus àquele mercado, há de momento negociações sobre esse assunto que podem passar por o banco espanhol comprar a participação da angolana Santoro no BPI, sendo que, em contrapartida, Isabel do Santos ficava com totalidade com o BFA. Fala-se ainda na ‘luz verde' do Governo português para, nesse cenário, a empresária entrar no capital do BCP.

Quanto ao BCP, está neste momento em curso o processo de fusão entre o Banco Millennium Angola e o Banco Privado Atlântico, que criará o segundo maior banco de capitais privados em Angola, com uma quota de mercado de 10%, havendo a expectativa de que a operação esteja concluída neste segundo trimestre.

O banco Haitong (ex-BES Investimento) publicou recentemente notas de análise em que alertava que o resgate a Angola podia atrasar a fusão do BCP com o Atlântico e desvalorizar o BFA, o que afecta directamente o valor do BPI.

 que tem em termos de sacrifícios para a população. A capa Jornal de Angola, em que a manchete é “Nova Estrada Liga Lubango ao Namibe”, titula “Angola Sem Um Resgate do FMI”, enquanto O País faz manchete com “FMI Apoia Angola sem Haver Resgate”.

Já esta manhã, o Ministério das Finanças divulgou uma "nota de esclarecimento" sobre "interpretações difusas veiculadas por órgãos da comunicação social angolana e portuguesa" que "revelam algum desconhecimento do 'novo normal' decorrente do processo de ajustamento da economia nacional, com tendência resiliente". O programa em negociação é de ajustamento gradual, "ao contrário de programas de austeridade como por exemplo os programas para resgates económicos", refere a nota.

© Lusa

 

 

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