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Quinta, 04 Junho 2015 15:32

Clientes angolanos já só garantem 8% das divisas adquiridas pela banca comercial

Os bancos comerciais angolanos compraram 1.470 milhões de dólares em divisas em todo o mês de abril, mas apenas oito por cento diretamente aos clientes, quando em setembro último essa parcela ascendia a mais de 60%.

De acordo com dados do Banco Nacional de Angola (BNA), compilados hoje pela agência Lusa, os clientes venderam aos bancos angolanos, em todo o mês de abril, 113 milhões de dólares em divisas (101 milhões de euros). Já as vendas do BNA, em leilões semanais, ascenderam a 1.470 milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros), cerca de 92% do total de compras da banca comercial.

Em causa está a crise da cotação internacional do barril de crude, que tem vindo a diminuir a entrada de divisas em Angola e, por consequência, o acesso a moeda estrangeira.

A consecutiva quebra na venda de divisas dos clientes aos bancos comprova igualmente a escassez do acesso a dólares. É que em setembro do ano passado, antes do agravamento da crise petrolífera, e também segundo dados do BNA, mais de 61% das divisas compradas pela banca angolana foram asseguradas junto dos próprios clientes.

Atualmente, os levantamentos de dólares, moeda utilizada para pagamentos ao exterior e no mercado interno informal, continuam a apresentar constrangimentos aos balcões dos bancos comerciais, como limitações nos valores. É também praticamente impossível concretizar este tipo de operações no mesmo dia, apenas sob reserva das quantias.

O BNA já começou a aumentar a injeção de divisas na banca comercial angolana, em linha com o anúncio feito na quinta-feira pelo governador do banco central, José Pedro de Morais Júnior, de medidas para "descomprimir" a atual crise cambial no país.

A decisão resultou da última reunião conjunta das comissões Económica e para a Economia Real, do Conselho de Ministros angolano, e foi transmitida pelo governador, reconhecendo que os bancos comerciais não têm tido capacidade para satisfazer a procura de divisas.

José Pedro de Morais Júnior reconheceu que a redução de 30% por cento na injeção de divisas por parte do BNA na banca comercial, que se regista desde o início do ano, por comparação com 2014, devido à quebra nas receitas com a exportação de petróleo, está a refletir-se na atividade empresarial do país.

"O BNA recebeu mandato [do Governo] para tomar as medidas necessárias para descomprimir, na medida do possível, esta pressão ao nível do mercado cambial, para evitarmos situações de roturas de 'stock', para resolvermos alguns problemas que se começam a colocar com grande acuidade a nível dos operadores económicos", apontou José Pedro de Morais Júnior.

Com a redução das receitas do petróleo, também a entrada de divisas (dólares) no país está em queda, complicando as necessidades de moeda estrangeira que Angola tem para garantir as importações, de alimentos a matéria-prima e máquinas.

Alguns empresários admitiram nas últimas semanas a possibilidade de pararem a produção devido à falta de matéria-prima, tendo em conta os atrasos nos pagamentos de faturas internacionais, dependentes da disponibilização de divisas.

"Com as medidas que vamos tomar, cremos que a situação se vai começar a resolver paulatinamente", disse o governador.

LUSA

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